Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?
Apesar de ser um tema esmiuçado de todas
as formas possíveis, sempre há espaço para ampliar a visão sobre um assunto tão
importante como é o Vaso de Barro.
A abordagem que faremos será do ponto de
vista da Intercessão, visando o entendimento sobre a busca do crescimento
coletivo.
Vamos ao texto clássico de Jeremias, não
para esmiuçar, pois isto já foi feito exaustivamente. Apenas abordaremos um
aspecto em particular: O próprio barro.
Como o vaso, que ele fazia de barro,
quebrou-se na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que
pareceu bem aos olhos do oleiro fazer.
O que me chamou a atenção hoje, após um
irmão fazer bela explanação no culto sobre o tema, foi o fato do oleiro
continuar seu trabalho com o mesmo barro que vinha moldando antes de se
quebrar. O vaso foi outro, mas o barro foi o mesmo.
Porque o vaso quebrou?
O que tornou o barro ainda útil para ser
moldado?
Estes questionamentos parecem superficiais,
mas no momento da pregação senti algo muito especial nestas simples dúvidas.
O entendimento que quero compartilhar é
sobre a escolha de Deus por um elemento figurativo tão simples e profundo.
Israel poderia ser representado por um
vaso feito de qualquer material, mas o Senhor nos apresenta o simples e
peculiar barro.
Poderia ser metal ou madeira, mas a
escolha do barro tem seus propósitos cheios de simbolismo.
Dos três materiais mais comuns utilizados
na fabricação de vasos, o barro é o mais maleável, pois é o único que incorpora
o elemento utilizado para manuseá-lo:
ÁGUA
Partindo deste entendimento, podemos
responder a primeira questão: Por que o vaso quebrou? A resposta está
exatamente na água. A umidade foi insuficiente e provocou o endurecimento e
eventualmente o rompimento da estrutura que estava sendo moldada.
Compreender esta figura é fundamental para
nosso crescimento como cidadãos do Reino de Deus e nos tornarmos em vasos que
não se quebrem facilmente.
Durante o processo de manufatura do vaso
de barro, o oleiro molha e amassa a matéria prima para que possa manusear, e
durante a moldagem sobre a roda, vai acrescentando água em suas mãos e
modelando, mantendo o barro na umidade certa.
A absorção correta da água e o ponto certo
de amassamento é o que torna o barro maleável e determina a qualidade final do
trabalho.
É aqui que entra a linguagem figurada da
Palavra de Deus.
a) O
amassamento do barro é uma figura de nossa entrega e confiança em Deus, para
que Ele molde nossa vida conforme pareça bem aos Seus olhos.
b) A
água utilizada em todo o processo simboliza tanto a Palavra de Deus quanto a
atuação do Espírito Santo em nossas vidas.
Encontramos estas figuras em diversas
passagens bíblicas, contextualizando o assunto e demonstrando a sua importância.
A figura do amassar do barro nos fala de
dependência e obediência, indo até um assunto que está se tornando cada vez
mais impopular e negligenciado, que é a provação.
A mensagem de Jeremias começa com a ordem
de “levantar-se, descer à casa do oleiro e ouvir a voz de Deus”.
Esta atitude é fundamental na vida de quem
deseja ser um vaso de honra, conforme nos diz o Apóstolo Paulo:
Ou não tem o oleiro poder sobre o barro,
para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra?
Neste momento, creio que a vontade do
homem é quem determina se o vaso será bom ou ruim. As mãos que trabalham a
massa são as mesmas e a água é a mesma, mas depende da qualidade do barro todo
o desenvolvimento do processo.
Há barro que absorve bem a água e se
adapta bem ao amassamento preparatório, fazendo com que o resultado seja uma
massa homogênea e muito bem manuseável, mas há barro arenoso ou muito argiloso,
que não absorvem bem a água ou não respondem bem ao processo de preparação,
resultando em vasos rústicos, difíceis de moldar.
Há pessoas que se entregam totalmente nas
mãos de Deus e absorvem as provações e a Palavra com entrega total. Estes serão
belos vasos, de acabamento polido e modelagem perfeita, podendo ser chamados de
vasos de honra.
As pessoas inconstantes, que rejeitam a
vontade de Deus, murmuram perante qualquer provação e negligenciam o estudo da
Bíblia e as orações, são o barro de má qualidade que resultará em vasos de
desonra.
Após respondermos à questão sobre o
quebramento do vaso, vamos agora procurar entender o motivo do oleiro continuar
trabalhando com o mesmo barro.
A lógica humana nesta situação seria
descartar o barro ruim que não pode ser moldado e recomeçar com outra amostra
de barro, mas Graças a Deus que a lógica humana não influencia as obras do
Senhor.
Neste ponto, entra na equação a segunda
figura da água, que é a atuação do Espírito Santo em nossas vidas.
É o Espírito Santo quem entra em ação
quando o vaso quebra e é necessário fazer um vaso novo.
O mesmo barro poderia resultar em outro
vaso quebrado, mas o Espírito transforma o barro ruim em argila de ótima
qualidade, quando o barro aceita esta transformação e a busca de todo o coração.
Voltamos agora ao início da mensagem:
A palavra do SENHOR, que veio a Jeremias,
dizendo:
Levanta-te, e desce à casa do oleiro, e
lá te farei ouvir as minhas palavras.
O
homem, com sua própria força e vontade, não tem estas atitudes sozinho. É o
próprio Espírito Santo quem põe no coração humano o desejo de procurar a Deus e
ouvir a Sua voz.
Neste
ponto também que entra em ação a Igreja Local, ensinando, exortando e,
principalmente, intercedendo pelos que se sentem como vasos
quebrados, necessitando de um recomeço ou uma boa dose de ânimo.
A intercessão tem o poder de levar os
vasos quebrados de volta à olaria
O Senhor busca os Seus vasos de honra para
esta tarefa.
Exortação e intercessão.
Temos, porém, este tesouro em vasos de
barro,
para que a excelência do poder seja de
Deus,
e não de nós.
A intercessão e exortação tem esta
maravilhosa limitação.
Somos apenas o vaso e o Poder é de Deus.
Confirmando os ânimos dos discípulos,
exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa
entrar no reino de Deus.
Atos 14:22
Atos 14:22
Marcelo Tristão de Souza
Guamaré/RN
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