EVANGELHO FASTFOOD
A expressão “sara a nossa terra” é muito popular entre
os cristãos e mesmo assim, pouco compreendida, tornando-se alvo das teorias de
prosperidade e empoderamento que surgem a cada dia.
A grande maioria destas “teorias”
usam versos da Palavra de Deus e destorcem para que se encaixem em suas
megalomanias. Talvez o principal destes versos seja 2 Crônicas 7:14
E se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar,
e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus caminhos, então eu
ouvirei dos céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.
O padrão destas “teorias” é ignorar
o contexto e dar ênfase ao trecho que possa despertar o emocionalismo ou mesmo
o desespero por respostas instantâneas.
Estas “teorias” já foram nomeadas
exaustivamente pelos cristãos que as combatem. Aqui as chamaremos de “Evangelho
FastFood”, mesmo não sendo uma expressão nova ou particular.
Para confrontar estas heresias com a
Palavra de Deus, vamos iniciar nossa jornada exatamente no início e então,
daremos o primeiro passo em uma longa viagem.
Começaremos então pela resposta de
Deus ao primeiro pecador, lá no Éden.
E a Adão disse: Porquanto destes ouvidos à voz de tua
mulher, e comeste da árvore de que te ordenei, dizendo: Não comerás dela, maldita
é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida.
Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva
do campo.
No suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes
à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás.
A promessa de Crônicas nos leva a
esta sentença, onde não apenas o homem sofreu o prejuízo pelo pecado, mas a
terra também. Terra, no contexto, não é relativo à geografia e sim, à biologia.
Este é um dos erros do evangelho fastfood. Deus falava com Adão num contexto
pessoal e não territorial. Isto nos mostra que a promessa de Crônicas é
metafórica não ao país em geral, e sim, aos arrependidos.
O evangelho fastfood deixa de lado a
reivindicação do arrependimento e foca num perdão que se estende além da vontade
de Deus.
Voltando ao Éden, vemos como era o relacionamento do
homem com a terra, antes do pecado.
Leia com atenção o relato da criação
em Gênesis 1-3 e verá que a terra produzia abundantemente e havia água
abundante, fornecida pelo orvalho e pelo rio que regava o jardim e dali se
dividia em quatro braços.
Algo que chama muito a atenção nesta
parte do relato é a existência de outras terras fora do jardim e que eram
regadas pelos afluentes deste primeiro rio.
Isto confirma a teoria dos Teólogos
sobre a vida já existir fora do Jardim do Éden naquela época e que estas terras
eram abençoadas com abundância igual a que existia no Éden, pois só passaram a
produzir espinhos e abrolhos após a queda do homem.
A sentença de Adão não encerra a
produção de frutos, mas condena o homem a comer erva do campo e condena o campo
a negar esta erva, forçando o homem ao trabalho duro debaixo do sol e a luta
constante contra as pragas naturais e as que o próprio homem começaria a
produzir num futuro distante.
A lição que tiramos do relato da
queda do homem e maldição da terra é a figura do pecado e arrependimento
revelados abertamente em 2 crônicas 7:14.
Não há outro caminho para a prosperidade. O
arrependimento é o início da bênção.
Quando João Batista começou a pregar
sobre o pecado e arrependimento, usou abertamente a figura do fruto:
E, vendo ele muitos dos fariseus e dos saduceus, que
vinham ao seu batismo, dizia-lhes: Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da
ira futura?
Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;
E não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a
Abraão; porque eu vos digo que, mesmo destas pedras, Deus pode suscitar filhos
a Abraão.
E também agora está posto o machado à raiz das árvores;
toda a árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo.
A figura usada por João Batista é a
mesma de Crônicas. Somente o arrependimento gera a cura e traz o bom fruto. E
isto é totalmente pessoal.
A expressão raça de víboras traz
outra figura que não podemos deixar de lado.
Voltemos às sentenças proferidas por
Deus na ocasião do primeiro pecado, mais precisamente à serpente, ou víbora,
conforme a tradução dada à expressão utilizada por João Batista.
Então o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste
isto, maldita serás mais que toda a fera, e mais que todos os animais do campo;
sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida.
É interessante ver que a serpente
não foi expulsa do Jardim, que representa figurativamente a presença de Deus.
Isto fica claro mais adiante, no livro de Jó.
E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se
perante o Senhor, veio também Satanás entre eles.
É importante notar que o homem foi
expulso da presença de Deus, mas a serpente não.
Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E Satanás
respondeu ao Senhor, e disse: De rodear a terra, e passear por ela.
O significado do termo “Satanás” é adversário, o que explica o diálogo que se segue, onde Deus exalta a dedicação
de Jó em viver conforme o bem e a insistência de Satanás em plantar o mal.
Jó vivia na mesma terra que os
outros homens, mas para ele, esta terra era mais próspera do que para os
outros, pois este vivia o bem e sua vida era uma figura da vida abundante que
Jesus veio trazer. O próprio Deus nos revela isto:
E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó?
Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a
Deus, e que se desvia do mal.
Eis aqui o contraste entre o evangelho de Deus e o evangelho fastfood
É isto que está presente na promessa
de Crônicas e na pregação de João Batista e posteriormente, na pregação de Jesus
e dos Apóstolos.
Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer:
Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus.
Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore
má produz frutos maus.
Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons.
Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo.
Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.
Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino
dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.
Assim, meus irmãos, também vós estais mortos para a lei
pelo corpo de Cristo, para que sejais de outro, daquele que ressuscitou dentre
os mortos, a fim de que demos fruto para Deus.
Porque, quando estávamos na carne, as paixões dos
pecados, que são pela lei, operavam em nossos membros para darem fruto para a
morte.
Mas agora temos sido libertados da lei, tendo morrido
para aquilo em que estávamos retidos; para que sirvamos em novidade de
espírito, e não na velhice da letra.
A principal figura do Reino de Deus
e do Império das Trevas está no fruto, ou seja, na terra curada, representando
o bem e o mal, igual a árvore do Jardim.
A obediência é o bem e a rebeldia é
o mal.
Voltando ao princípio, vejamos as
figuras representadas pelos elementos da narrativa:
A árvore do conhecimento:
Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não
comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
A expressão que Deus usa é
afirmativa: No dia. Não há duvidas como, se um dia. Deus é enfático, “no dia em
que dela comerdes”.
A árvore da vida:
Então disse o Senhor Deus: Eis que o homem é como um de
nós, sabendo o bem e o mal; ora, para que não estenda a sua mão, e tome também
da árvore da vida, e coma e viva eternamente, o Senhor Deus, pois, o lançou
fora do jardim do Éden, para lavrar a terra de que fora tomado.
O
homem não poderia viver eternamente após a escolha pelo mal, então foi expulso
para que andasse errante e um dia encontrasse o caminho de volta. Isto fica
claro na palavra dirigida a serpente e a mulher:
O descendente da mulher:
E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua
semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.
Esta é uma promessa de que o mal não
triunfaria e o homem tinha um caminho de volta à Deus.
As vestes:
E fez o Senhor Deus a Adão e à sua mulher túnicas de
peles, e os vestiu.
O casal havia se coberto com folhas
de figueira, representando a autojustificação e a religiosidade, mas Deus lhes
deu vestes de peles de animais, simbolizando o sacrifício de arrependimento,
revelado posteriormente na Lei e figurando o “cordeiro de Deus que tira o
pecado do mundo”
A Espada Inflamada:
E havendo lançado fora o homem, pôs querubins ao oriente
do jardim do Éden, e uma espada inflamada que andava ao redor, para guardar o
caminho da árvore da vida.
Gênesis
3:24
A Palavra de Deus é figurada pela
espada e inflamada nos diz que o Espírito de Deus é quem revela esta espada
para nossos olhos e mentes.
Somente a Palavra de Deus pode levar
o homem ao arrependimento, sarar a terra e produzir frutos dignos.
Eis o evangelho de Deus, puro e simples, sem emendas.
E se o meu povo, que se chama pelo meu
nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se converter dos seus maus
caminhos,
então eu ouvirei dos céus,
e perdoarei os seus pecados,
e sararei a sua terra.
Como intercessores em favor da Igreja e dos perdidos,
devemos apresentar esta promessa diariamente em nossas orações e também
pregá-la aos homens em geral, dentro e fora da Igreja.
Marcelo Tristão de Souza
Guamaré / RN
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