19 junho 2016

Paradoxos


PARADOXOS




Visto que, na sabedoria de Deus, o mundo não o conheceu por meio da sabedoria humana, agradou a Deus salvar aqueles que crêem por meio da loucura da pregação.
Os judeus pedem sinais miraculosos, e os gregos procuram sabedoria; nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e loucura para os gentios mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, Cristo é o poder de Deus e a sabedoria de Deus.
Porque a loucura de Deus é mais sábia que a sabedoria humana, e a fraqueza de Deus é mais forte que a força do homem.



Paradoxos, em explicação bem simplificada, são verdades escondidas em figuras contraditórias a estas mesmas verdades. Com base nesta definição, podemos entender a intenção do Apóstolo Paulo ao escrever o texto acima.
A mensagem do evangelho é loucura e sabedoria, milagre e blasfêmia, força e fraqueza. Sabedoria que confunde até mesmo os mais sábios, escândalo que confunde os mais religiosos e força que sobrepuja os mais fortes.
Paulo fala dos três povos que compunham o mundo da sua época e não é nada diferente hoje. Os judeus representam a religião, os gregos gentios são o povo que busca explicar a criação através da criatura e os imperialistas romanos são os fortes, simbolizando no mundo atual os ateus, que se esforçam tanto em negar a existência de um ser superior que comanda tudo e todos, que não percebem que isto faz deles mais crentes do que muitos cristãos.
  O entendimento do evangelho como um paradoxo em relação ao mundo natural fez com que Paulo estruturasse toda uma teologia que abalou o mundo de sua época e continua abalando o mundo por todos estes séculos.
Mais à frente, na mesma carta aos coríntios, temos outro maravilhoso exemplo que Paulo extraiu do que ouviu sobre os ensinos de Jesus. Veja que maravilhoso paradoxo:

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei.
Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá.

                Isto é um grande exemplo da maravilhosa loucura paradoxal que Paulo vivia no seu dia a dia. Ele vivia todas as coisas que usa como exemplo no texto acima, e mesmo que só poderiam ser vividas por amor, ele nos ensina que o amor não deveria ser  apenas a motivação para a vida e sim, a própria essência da vida.
                Parta este contexto, a definição mais apurada do termo paradoxo nos ajudará a compreender a loucura sábia ou sabedoria louca do Apóstolo:

Um paradoxo é uma declaração aparentemente verdadeira que leva a uma contradição lógica, ou a uma situação que contradiz a intuição comum. Em termos simples, um paradoxo é "o oposto do que alguém pensa ser a verdade".
https://pt.wikipedia.org/wiki/Paradoxo

                Aprendemos aqui que é possível fazer e até viver coisas grandiosas que só podem ser fruto do amor e mesmo assim, não serem realmente amor, pois o que o evangelho ensina sobre o amor não pode ser explicado de maneira natural. O amor tem de ser a raiz e não o fruto. A essência e não o resultado. Amor é a própria vida.
                Em toda a teologia Paulina, os paradoxos vão se repetindo e iluminando a mente de quem se rende à loucura da pregação.
                Vejamos outros grandes exemplos:

Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim.
Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte.

                O final deste texto habita o imaginário de todos os cristãos desde o dia em que foi escrito até os dias atuais, e não só de cristãos, mas realmente tem assombrado a imaginação de todos os povos onde este texto foi parafraseado por “sábios” em geral, quando aplicam este texto à ideia de tirar forças da própria fraqueza. Na verdade, a dificuldade no entendimento está no fato de se prestar muita atenção a uma frase forte e não buscar entender o contexto, que deve abranger todo o capítulo para um entendimento aceitável e toda a vida do Apóstolo para um entendimento que realmente gere raízes.
                Uma chave para dar início à jornada do entendimento da teologia do paradoxo de Paulo é o seguinte versículo:

Tudo posso naquele que me fortalece.

                A chave é o amor de Deus, revelado através de Jesus Cristo e vivenciado na comunhão do Espírito Santo. Eis aqui o grande segredo para se entender e viver a loucura da pregação. Isto não pode ser vivenciado pela religiosidade dos Judeus, pela sabedoria dos Gregos ou pela força dos Romanos. Somente a fé pode abrir caminho para a revelação.
                Se não houver fé e humildade para realmente cavar a fundo em busca do entendimento, os paradoxos acabarão sendo vistos apenas como coisas difíceis demais ou até mesmo loucura, podendo gerar interpretações errôneas e desvios. O próprio Apóstolo Pedro reconheceu que a Teologia de Paulo era diferenciada e um pouco complexa, mas incentivou os irmãos que levassem a sério e procurassem a compreensão correta:

Tenham em mente que a paciência de nosso Senhor significa salvação, como também o nosso amado irmão Paulo lhes escreveu, com a sabedoria que Deus lhe deu.
Ele escreve da mesma forma em todas as suas cartas, falando nelas destes assuntos. Suas cartas contêm algumas coisas difíceis de entender, as quais os ignorantes e instáveis torcem, como também o fazem com as demais Escrituras, para a própria destruição deles.
Portanto, amados, sabendo disso, guardem-se para que não sejam levados pelo erro dos que não têm princípios morais, nem percam a sua firmeza e caiam.

                Não continuarei cavando paradoxos, pois a intenção aqui é apenas buscar revelações para intercessão e não analises teológicas.
                A preocupação que vem à tona, no contexto da intercessão, é com o entendimento distorcido ocasionado pela busca irresponsável. O que devemos fazer é clamar ao Pai para que a busca por conhecimento seja precedida pela fé e amor. Chega de teorias esquisitas, baseadas em anjos descontextualizados, prosperidade egoísta, paternidades ditatoriais e outras esquisitices afins que vemos pipocando na mente dos “sábios” cristãos contemporâneos.
              
Vamos clamar à Deus para que nos livre desta sabedoria humana e nos encaminhe de volta à loucura da pregação. 
Precisamos urgentemente voltar ao Cristo crucificado, 
mesmo que digam que é a loucura de Deus. 
Devemos preferir a loucura da Cruz, o escândalo dos sinais e a força de Deus.





Ó Brasil, eu coloquei vigias sobre os seus muros.
Eles vão orar a Deus sem parar, pedindo que Ele cumpra suas promessas.
Vocês, vigias, orem sem parar, não se entreguem ao repouso,
não lhe deem descanso até Ele firmar o Brasil
e torná-lo famoso e respeitado por toda a terra.
Isaías 62:6-7


Marcelo Tristão de Souza

Guamaré/RN


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