20 dezembro 2016

Revelação

REVELAÇÃO
 e o Batismo nas águas



Eu mesmo não o conhecia, mas por isso é que vim batizando com água:
para que ele viesse a ser revelado a Israel".
João 1:31



Como João diz que não o conhecia, se eram parentes?

            Isto nos mostra que o conhecimento de que João fala não é o conhecimento comum entre pessoas, mas o conhecimento trazido através da revelação espiritual.
            Sempre tive interesse em entender o significado do batismo nas águas e creio que este verso acima seja uma das principais chaves para este entendimento.
           
O batismo de arrependimento dá início à jornada do
conhecimento revelado.

            Certa vez, Jesus foi interrogado sobre a autoridade do Seu ministério e, como resposta, indagou sobre o batismo de João, se era de Deus ou dos homens. Aparentemente, eles não puderam responder e tampouco Ele respondeu claramente, mas se prestarmos atenção veremos que a resposta foi dada, mas os inquisidores não estavam dispostos a ouvir:

Jesus entrou no templo e, enquanto ensinava, aproximaram-se dele os chefes dos sacerdotes e os líderes religiosos do povo e perguntaram: "Com que autoridade estás fazendo estas coisas? E quem te deu tal autoridade? "
Respondeu Jesus: "Eu também lhes farei uma pergunta. Se vocês me responderem, eu lhes direi com que autoridade estou fazendo estas coisas.
De onde era o batismo de João? Do céu ou dos homens? " Eles discutiam entre si, dizendo: "Se dissermos: ‘do céu’, ele perguntará: ‘Então por que vocês não creram nele? ’ Mas se dissermos: ‘dos homens’ — temos medo do povo, pois todos consideram João um profeta".
Eles responderam a Jesus: "Não sabemos". E ele lhes disse: "Tampouco lhes direi com que autoridade estou fazendo estas coisas".

            Para nós, que conhecemos a história, basta um pouco de atenção e teremos a resposta. João era realmente profeta e isto prova que o seu batismo tinha a autoridade dada por Deus, assim como o ministério de Jesus. Outra prova disto é que o próprio Senhor foi batizado por João, nos mostrando que o batismo faz parte da justiça:

Então Jesus veio da Galiléia ao Jordão para ser batizado por João.
João, porém, tentou impedi-lo, dizendo: "Eu preciso ser batizado por ti, e tu vens a mim? "
Respondeu Jesus: "Deixe assim por enquanto; convém que assim façamos, para cumprir toda a justiça". E João concordou.

            Neste momento convém compreendermos de que justiça o Senhor fala neste texto. No Novo Testamento, o termo justiça tem um significado extremamente importante para a compreensão da graça de Cristo e da salvação.
            Esta justiça consiste em ser justificado perante Deus, através da fé em Cristo e toda a Sua obra. É a graça em toda a sua plenitude.
            Sendo o Deus vivo, não haveria a necessidade do batismo de Jesus para arrependimento de pecados, pois não haveria a necessidade de justificação para alguém nascido sem pecado, mas como homem Jesus cumpriu todos os requisitos da justiça.
            Isto nos diz que o batismo nas águas tem grande importância para a justificação pela fé.
            Muitas vezes, o batismo é tratado como um simples ritual de iniciação, mas a Palavra de Deus nos mostra que é muito mais do que um ritual.
           
            Voltemos ao verso chave desta reflexão e então poderemos dar início à compreensão do ministério de João Batista.

Eu mesmo não o conhecia, mas por isso é que vim batizando com água:
para que ele viesse a ser revelado a Israel".
João 1:31

            Afinal, o que era este batismo? Mateus nos dá este entendimento, fazendo a ligação entre o Velho Testamento e o Novo.
            Através da mensagem inicial de João, vemos claramente a transição entre a Lei e a Graça.
            Malaquias encerra o VT com ênfase na promessa iniciada por Isaías, que falava da vinda de um grande profeta e Mateus inicia a história de João enfatizando que este é o cumprimento da promessa.

"Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e terrível dia do Senhor. Ele fará com que os corações dos pais se voltem para seus filhos, e os corações dos filhos para seus pais; do contrário eu virei e castigarei a terra com maldição. "

Uma voz clama: "No deserto preparem o caminho para o Senhor; façam no deserto um caminho reto para o nosso Deus.
Todos os vales serão levantados, todos os montes e colinas serão aplanados; os terrenos acidentados se tornarão planos; as escarpas, serão niveladas.
A glória do Senhor será revelada, e, juntos, todos a verão. Pois é o Senhor quem fala".

Naqueles dias surgiu João Batista, pregando no deserto da Judéia. Ele dizia: "Arrependam-se, porque o Reino dos céus está próximo".
Este é aquele que foi anunciado pelo profeta Isaías: "Voz do que clama no deserto: ‘Preparem o caminho para o Senhor, façam veredas retas para ele’ ".

            A leitura dos três textos nos mostra que João não apenas pregava no deserto, mas que o deserto era uma referência à condição espiritual daqueles dias em Israel.
            A grande maioria do povo estava vivendo totalmente afastado de Deus e mergulhado na apostasia.
            Para que pudessem perceber a luz que estava chegando para eles, seria necessária uma volta ao caminho e esta era a tarefa de João e seu batismo.
            A mensagem básica era exatamente esta: Arrependam-se.
            Veja o que este termo significa:

A palavra arrependimento é de origem grega (μετάνοια , metanoia ) e significa conversão (tanto espiritual, bem como intelectual), mudança de direção e mudança de mente; mudança de atitudes, temperamentos, caráter, trabalho, geralmente conotando uma evolução. Então arrependimento quer dizer mudança de atitude, ou seja, atitude contrária, ou oposta, àquela tomada anteriormente em determinado assunto específico.

            Assim podemos entender que, para receber a vinda do Messias, seria necessário preparar o povo, trazendo-os de volta ao caminho, ou seja, deveriam se arrepender dos seus maus caminhos e se voltar para Deus.
            Se o Messias começasse o Seu ministério sem esta preparação, todo o plano da Salvação teria sido reformulado, mas para cumprir a Lei e a Justiça, o Senhor seguiu fielmente a vontade do Pai.
            Israel precisou do arrependimento e do batismo nas águas para tornar este arrependimento público e agora chegamos a outro impasse.     A função de arrependimento e perdão era exercida pelo sacerdote, através do ritual descrito em Levítico 16 mas agora os judeus deveriam crer que Deus estava mudando a Lei.
            Este é o ponto inicial da mudança de Lei para graça, pois Deus ordenara um novo sacerdócio que faria a transição.
            João Batista era filho do Sacerdote Zacarias e por isto, fazia parte da linhagem sacerdotal, podendo, por direito, estar exercendo tal função. Mas João trocara o templo pela campina do Jordão e o altar do holocausto pelas águas correntes.
            A partir destes dias, quem seria morto figuradamente pelo mergulho nas águas seria o próprio pecador, que levantaria ressurreto para uma nova vida.
            Somente após o arrependimento público, o homem estaria pronto para iniciar uma caminhada rumo ao Reino de Deus.
            Como homem, Jesus participou deste arrependimento público, abrindo mão dos rituais da Lei e entrando na era da Graça.
            Agora, após o arrependimento de um grande número de pessoas, o Messias foi revelado à Israel e iniciou a caminhada rumo ao sacrifício definitivo, levando consigo discípulos que se tornariam em apóstolos e, mais tarde, os primeiros líderes da Igreja.
            Esta nova forma de arrependimento e expiação era crucial para que se iniciasse a nova aliança e por isto, após ser batizado nas águas, o Senhor foi para o deserto enfrentar ao Diabo e, logo depois, se apresentou na Sinagoga e declarou abertamente quem Ele é:

Jesus voltou para a Galiléia no poder do Espírito, e por toda aquela região se espalhou a sua fama. Ensinava nas sinagogas, e todos o elogiavam.
Ele foi a Nazaré, onde havia sido criado, e no dia de sábado entrou na sinagoga, como era seu costume. E levantou-se para ler.
Foi-lhe entregue o livro do profeta Isaías. Abriu-o e encontrou o lugar onde está escrito:
"O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor".
Então ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele; e ele começou a dizer-lhes: "Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir".

            O Senhor declarou abertamente quem é e para que veio, mas não puderam crer nele, pois só é possível este nível de fé quando há a revelação vinda do próprio Deus.

Chegando Jesus à região de Cesaréia de Filipe, perguntou aos seus discípulos: "Quem os homens dizem que o Filho do homem é? "
Eles responderam: "Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, Jeremias ou um dos profetas".
"E vocês? ", perguntou ele. "Quem vocês dizem que eu sou? "
Simão Pedro respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo".
Respondeu Jesus: "Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus.

Somente quem crê em Deus e no Cristo, buscando arrependimento e conciliação, pode chegar a este tipo de revelação. Por isto, muitas pessoas se achegam à Igreja e permanecem por muito tempo sem ter um relacionamento com o Senhor, pois em seus corações não há a revelação de um Cristo vivo, cheio de amor e graça.
Para muitos, o batismo nas águas é apenas um ritual humano de iniciação em uma nova religião, mas para Deus, é o início de um novo relacionamento.
            Da mesma forma que o Espírito pairou sobre o Senhor, no momento do batismo, este mesmo Espírito passa a habitar no coração daqueles que descem às águas do arrependimento. Infelizmente, isto apenas não é garantia de um relacionamento sadio, pois para que este relacionamento se concretize, é necessário que o novo homem participe deste relacionamento.  
           
            A intenção principal desta reflexão é incentivar este relacionamento bilateral, pois a maioria de nós não vive este relacionamento e fica esperando que o Senhor faça tudo sozinho.
            Veja esta definição de arrependimento e então entenderá o que estou dizendo:

Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia.
Como é feliz o homem constante no temor do Senhor! Mas quem endurece o coração cairá na desgraça.

            Aqui está o grande problema da maioria dos cristãos que não consegue ter um relacionamento ativo com o Cristo vivo. Eles confessam os seus pecados, mas não os abandonam. Endurecem o coração e impedem a obra de redenção e cura.

            Veja agora a Graça do Senhor sendo oferecida constantemente, mesmo aos indiferentes:

Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.

            Quando o coração está endurecido, não percebe quem está batendo e se recusa a abrir. Enquanto o Senhor está extremamente perto, ansiando por um relacionamento ativo, o homem endurecido fica vagando pela escuridão, à procura de Jesus.
            Veja estas pessoas próximas, nos nossos cultos, reclamando que não ouviram Deus falar, não gostaram do louvor, etc. São estes os que tateiam entre inúmeros altares e nunca se encontram com o Deus desconhecido.
            O apóstolo Paulo conheceu este tipo de religiosos e procurou ajudar, trazendo a eles a revelação do Deus vivo, que não está longe de nenhum de nós:

Então Paulo levantou-se na reunião do Areópago e disse: "Atenienses! Vejo que em todos os aspectos vocês são muito religiosos, pois, andando pela cidade, observei cuidadosamente seus objetos de culto e encontrei até um altar com esta inscrição: AO DEUS DESCONHECIDO. Ora, o que vocês adoram, apesar de não conhecerem, eu lhes anuncio.
"O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há é o Senhor do céu e da terra, e não habita em santuários feitos por mãos humanas. Ele não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo, porque ele mesmo dá a todos a vida, o fôlego e as demais coisas. De um só fez ele todos os povos, para que povoassem toda a terra, tendo determinado os tempos anteriormente estabelecidos e os lugares exatos em que deveriam habitar.
Deus fez isso para que os homens o buscassem e talvez, tateando, pudessem encontrá-lo, embora não esteja longe de cada um de nós. ‘Pois nele vivemos, nos movemos e existimos’, como disseram alguns dos poetas de vocês: ‘Também somos descendência dele’.

Como intercessores, devemos orar por estas pessoas, para que abandonem a velha forma de viver, apresentando sacrifícios de arrependimento e rejeitando a Graça do Senhor Jesus.
Intercedamos por todos os religiosos, para que percebam que são pecadores carentes da graça, se arrependam verdadeiramente, sejam curados e recebam a revelação do Cristo, filho do Deus vivo.


Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me revelarei a ele".
João 14:21

Todavia, como está escrito: "Olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam";
mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito. O Espírito sonda todas as coisas, até mesmo as coisas mais profundas de Deus.
Pois, quem dentre os homens conhece as coisas do homem, a não ser o espírito do homem que nele está? Da mesma forma, ninguém conhece as coisas de Deus, a não ser o Espírito de Deus.
Nós, porém, não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus, para que entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente.

1 Coríntios 2:9-12


           



Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus, vivendo sempre para interceder por eles.


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