18 janeiro 2017

A fé que cresce

A fé que cresce



Porque pela graça sois salvos, por meio da fé;
e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Efésios 2:8



            Existem diversas maneiras de se explicar teologicamente o significado do termo fé, mas como não sou teólogo, prefiro desenvolver meu próprio entendimento através da percepção que tenho atualmente.
            Baseado no texto acima, vejo que a fé é o grande diferencial entre a Lei e a Graça, pois tanto seguir a Lei como crer na Graça só são possíveis com a ajuda de Deus, mas a fé exige uma resposta do homem mais sólida do que obedecer aos preceitos da Lei.
            Sei que parece estranho afirmar isto, mas se olharmos com atenção para a trajetória da Igreja e compararmos com o Israel do Velho Testamento, veremos que a Graça é mais exigente do que a Lei, pois a Lei tem mais a ver com a razão e a fé é totalmente subjetiva.
            A afirmação de Paulo sobre a fé citada acima, nos diz que a obediência à Lei deveria vir da pessoa, ou seja, era uma escolha própria que exigiria muita disciplina, mas mesmo assim, dependia quase que totalmente do homem.
            Muitas vezes, as pessoas imaginam que a Lei seja a legislação do Reio de Deus, mas não é bem isto que a Palavra ensina.       
Mesmo sendo pouquíssimo citada no Velho Testamento, creio que a obediência à Lei dependia também da fé e isto está presente em todo o Salmo 119, pois o salmista deixa claro que precisava da ajuda de Deus para conseguir até mesmo entender os preceitos da Lei:

Quem dera que os meus caminhos fossem dirigidos a observar os teus mandamentos.
Bendito és tu, ó Senhor; ensina-me os teus estatutos.
Seja reto o meu coração nos teus estatutos, para que não seja confundido.
Viva a minha alma, e louvar-te-á; ajudem-me os teus juízos.
Desgarrei-me como a ovelha perdida; busca o teu servo, pois não me esqueci dos teus mandamentos.

            Mas também é maravilhoso lembrar que a justificação foi anunciada antes da Lei, através da fé de Abrão:

E creu ele no Senhor, e imputou-lhe isto por justiça.
Genesis 15:6

            Desta forma, podemos afirmar que o Reino de Deus não se baseia na obediência a decretos e preceitos e sim na fé, pois a primeira figura clara sobre o Reino que encontramos é a peregrinação de Abrão e a promessa de uma terra exclusiva para um povo escolhido.
            No mundo natural, o descendente Israel nunca conseguiu firmar totalmente este Reino, pois sempre houve a separação provocada pelo pecado, mas no mundo espiritual, o Reino foi apresentado figurativamente através de Abrão e concretizado em Cristo e a Igreja, que são a verdadeira descendência de Abraão, pois pela fé, a Igreja cumpriu o propósito de ser um povo separado para Deus.
            Veremos em muitos dos ensinos de Jesus através de comparações também conhecidas como parábolas, que o Senhor apresenta o Reino de Deus em prefeita harmonia com a fé:

a)      Grão de Mostarda:
O Senhor compara a fé com o grão de mostarda e também compara o Reino de Deus com este mesmo grão, demonstrando que a dependência de Deus trás o crescimento em ambos os casos:

Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo;
O qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.
Os apóstolos disseram ao Senhor: "Aumenta a nossa fé! "
Ele respondeu: "Se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderão dizer a esta amoreira: ‘Arranque-se e plante-se no mar’, e ela lhes obedecerá.

Aqui temos o grande ensino sobre a fé, pois as duas afirmações estão interligadas, formando um só contexto.
            Na afirmação sobre o Reino, vemos que o grão de mostarda é pequeno, mas se for devidamente semeado, crescerá e se tornará numa árvore capaz de gerar abrigo.
            A afirmação sobre a fé foi dada em resposta ao pedido dos Apóstolos para que houvesse aumento em sua fé.
            Nos dois textos, foi necessária a posse do grão de mostarda e a semeadura, pois dizer à amoreira equivale à atitude de semear.
             Em resumo, tanto o Reino de Deus quanto a fé tem início em nossas vidas, através da intervenção de Deus, e crescem à medida que semeamos.
            Semear é uma atitude especial, pois o grão só produzirá se for semeado da maneira correta. A maneira errada equivale a enterrar o grão, conforme vemos na parábola dos talentos:

   b) A parabola dos talentos-

"E também será como um homem que, ao sair de viagem, chamou seus servos e confiou-lhes os seus bens.
A um deu cinco talentos, a outro dois, e a outro um; a cada um de acordo com a sua capacidade. Em seguida partiu de viagem.
O que havia recebido cinco talentos saiu imediatamente, aplicou-os, e ganhou mais cinco.
Também o que tinha dois talentos ganhou mais dois.
Mas o que tinha recebido um talento saiu, cavou um buraco no chão e escondeu o dinheiro do seu senhor.
"Depois de muito tempo o senhor daqueles servos voltou e acertou contas com eles.
O que tinha recebido cinco talentos trouxe os outros cinco e disse: ‘O senhor me confiou cinco talentos; veja, eu ganhei mais cinco’.
"O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor! ’
"Veio também o que tinha recebido dois talentos e disse: ‘O senhor me confiou dois talentos; veja, eu ganhei mais dois’.
"O senhor respondeu: ‘Muito bem, servo bom e fiel! Você foi fiel no pouco; eu o porei sobre o muito. Venha e participe da alegria do seu senhor! ’
"Por fim veio o que tinha recebido um talento e disse: ‘Eu sabia que o senhor é um homem severo, que colhe onde não plantou e junta onde não semeou.
Por isso, tive medo, saí e escondi o seu talento no chão. Veja, aqui está o que lhe pertence’.
"O senhor respondeu: ‘Servo mau e negligente! Você sabia que eu colho onde não plantei e junto onde não semeei?
Então você devia ter confiado o meu dinheiro aos banqueiros, para que, quando eu voltasse, o recebesse de volta com juros.
" ‘Tirem o talento dele e entreguem-no ao que tem dez.

            O tom desta parábola é um pouco áspero, mas se olharmos para a atitude de cada servo, veremos que os dois primeiros semearam e o terceiro enterrou. Isto nos fala sobre a atitude de fé. Dois tiveram a fé de que teriam o que receberam e mais outra parte para dar ao patrão mas o último teve medo e enterrou o que recebera.
            Sabemos que a fé e o medo são antagônicos e este foi o erro do que recebeu somente um talento.
            O diferencial entre a Lei e a Graça é assim também. A Graça é proveniente da fé e a Lei tem muito a ver com o medo. Deus esperava que Israel obedecesse a Lei por amor, mas eles não foram capazes de ver o amor através da Lei e deram lugar à obediência por medo, o que transformou a Lei em simples ritualismo, desprovido de significado e vida.
            Deveriam obedecer a Lei por amar ao Deus que os livrou do Egito, mas a qualquer sinal de provações se viravam para a idolatria e negavam ao único Deus verdadeiro.
            Vemos que o princípio da Lei sempre foi amar a Deus, mas eles não entenderam:

E Deus falou todas estas palavras:
"Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te tirou do Egito, da terra da escravidão.
"Não terás outros deuses além de mim.
"Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra.
Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que me amam e guardam os meus mandamentos.

            O Livro de Hebreus traça um paralelo entre a Lei e a Graça e confirma o contraste entre o amor e o medo:

Vocês não chegaram ao monte que se podia tocar, e que estava chamas, nem às trevas, à escuridão e à tempestade, ao soar da trombeta e ao som de palavras tais, que os ouvintes rogaram que nada mais lhes fosse dito; pois não podiam suportar o que lhes estava sendo ordenado: "Até um animal, se tocar no monte, deve ser apedrejado".
O espetáculo era tão terrível que até Moisés disse: "Estou apavorado e trêmulo! "
Mas vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo. Chegaram aos milhares de milhares de anjos em alegre reunião, à igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos nos céus. Vocês chegaram a Deus, juiz de todos os homens, aos espíritos dos justos aperfeiçoados, a Jesus, mediador de uma nova aliança, e ao sangue aspergido, que fala melhor do que o sangue de Abel.

            Que maravilhoso contraste entre a Lei e a Graça, o monte fumegante e a Jerusalém Celestial, Moisés e Jesus.
            Mesmo se Israel pudesse ser capaz de obedecer a Lei, vemos que a justificação ainda não estaria completa, pois somente a fé pode tornar o homem justo.  A função da Lei não era justificar e sim, revelar o pecado:

Que diremos então? A lei é pecado? De maneira nenhuma! De fato, eu não saberia o que é pecado, a não ser por meio da lei. Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se a lei não dissesse: "Não cobiçarás".

            Na sequência, Paulo agradece pela libertação:

Portanto, agora já não há condenação para os que estão em Cristo Jesus, porque por meio de Cristo Jesus a lei do Espírito de vida me libertou da lei do pecado e da morte.
Porque, aquilo que a lei fora incapaz de fazer por estar enfraquecida pela carne, Deus o fez, enviando seu próprio Filho, à semelhança do homem pecador, como oferta pelo pecado. E assim condenou o pecado na carne, a fim de que as justas exigências da lei fossem plenamente satisfeitas em nós, que não vivemos segundo a carne, mas segundo o Espírito.

            Jesus foi enviado exatamente para este fim. Libertar o homem do pecado e justifica-lo perante Deus, por meio da fé.

"Portanto, meus irmãos, quero que saibam que mediante Jesus lhes é proclamado o perdão dos pecados.
Por meio dele, todo aquele que crê é justificado de todas as coisas das quais não podiam ser justificados pela lei de Moisés.

Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego.
Porque no evangelho é revelada a justiça de Deus, uma justiça que do princípio ao fim é pela fé, como está escrito: "O justo viverá pela fé".

            A afirmação de Paulo sobre a vida pela fé é uma citação do livro do profeta Habacuque, onde encontramos outra referência à justificação pela fé como salvação no Velho Testamento. Este texto completa a promessa de Deus a Abraão e traça o caminho da justificação.

Eis que a sua alma está orgulhosa, não é reta nele; mas o justo pela sua fé viverá.

            O principal capítulo sobre a fé, nos trás grandes revelações:


 Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.
Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.

            Nós não podemos ver a salvação com os olhos naturais, mas cremos em Deus e o buscamos através do caminho que Ele nos deu, que é o Senhor Jesus. Isto é viver pela fé e mais do que isto, esta é a obra da fé em nossos corações, levando à santificação.

            Em todo Novo Testamento vemos a constante preocupação em antagonizar a fé e as obras, mesmo quando se diz que as obras devem ser fruto da fé, pois se o homem procurar justificar-se perante Deus, será rejeitado, mas em Cristo, Deus nos aceita pela obra que Ele realizou.
Que diremos, então? Os gentios, que não buscavam justiça, a obtiveram, uma justiça que vem da fé; mas Israel, que buscava uma lei que trouxesse justiça, não a alcançou.
Por que não? Porque não a buscava pela fé, mas como se fosse por obras. Eles tropeçaram na "pedra de tropeço".
Como está escrito: "Eis que ponho em Sião uma pedra de tropeço e uma rocha que faz cair; e aquele que nela confia jamais será envergonhado".

Porque a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens.
Ela nos ensina a renunciar à impiedade e às paixões mundanas e a viver de maneira sensata, justa e piedosa nesta era presente, enquanto aguardamos a bendita esperança: a gloriosa manifestação de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo.
Ele se entregou por nós a fim de nos remir de toda a maldade e purificar para si mesmo um povo particularmente seu, dedicado à prática de boas obras.

"Vocês são a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte.
E, também, ninguém acende uma candeia e a coloca debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa.
Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus".

            O que podemos entender deste contraste entre fé e obras é que devemos praticar boas obras não para que sejamos salvos e sim, por sermos salvos. As obras não geram salvação, mas são geradas por ela.

Porque pela graça sois salvos, por meio da fé;
e isto não vem de vós, é dom de Deus.
Efésios 2:8

           

Como intercessores, devemos clamar a Deus para que haja crescimento sadio na vida de nossos irmãos, à medida que o Senhor os ensine a semear a fé que o Pai lhes deu.
            Pelos que ainda não alcançaram a Graça, clamamos para que o Espírito Santo lhes toque conforme o Senhor nos mostrou e lhes convença do pecado.


Mas eu lhes afirmo que é para o bem de vocês que eu vou. Se eu não for, o Conselheiro não virá para vocês; mas se eu for, eu o enviarei.
Quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.
Do pecado, porque os homens não crêem em mim;
da justiça, porque vou para o Pai, e vocês não me verão mais;
e do juízo, porque o príncipe deste mundo já está condenado.
João 16:7-11

Pois pela graça que me foi dada digo a todos vocês: ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, pelo contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu.

E ele designou alguns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres, com o fim de preparar os santos para a obra do ministério, para que o corpo de Cristo seja edificado, até que todos alcancemos a unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, e cheguemos à maturidade, atingindo a medida da plenitude de Cristo.
Efésios 4:11-13

        Nem sempre é fácil manter a fé perante situações difíceis, mas o exercício de buscar a presença de Jesus e ter comunhão com Ele e Sua Palavra gera mais fé e nos ensina a amar e confiar nEle. 
          O segredo para ter mais fé é ter pelo menos um pouquinho e entregar nas mãos do Senhor. Ele é quem multiplica.



 Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, e a prova das coisas que se não vêem.
Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.



Jesus respondeu: "A obra de Deus é esta:
crer naquele que ele enviou".
João 6:29




Portanto, pode também salvar perfeitamente os que por ele se chegam a Deus,
vivendo sempre para interceder por eles.

Jesus é o intercessor perfeito e nós somos privilegiados
por poder participar com Ele.



Marcelo Tristão de Souza
Guamaré/RN




Compartilhando O amor de Deus
#Intercedendo por Amor



Blogger

Google+

Facebook

Email

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente aqui ...

Comentários