03 setembro 2018

Libertação completa




Quando ele desceu do monte, grandes multidões o seguiram.
Um leproso, aproximando-se, adorou-o de joelhos e disse:
"Senhor, se quiseres, podes purificar-me! "
Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: "Quero. Seja purificado!
Imediatamente ele foi purificado da lepra.
Em seguida Jesus lhe disse: "Olhe, não conte isso a ninguém. Mas vá mostrar-se ao sacerdote e apresente a oferta que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho".




            Este grande milagre poderia ser mais um entre os inúmeros realizados pelo Senhor Jesus durante sua peregrinação neste mundo, mas há duas particularidades que o destacam como um dos mais didáticos:

a)      Quando ele desceu do monte:
A realização deste milagre foi logo após a ministração do sermão que traz as características primordiais do Reino de Deus. Poderíamos até dizer que os capítulos 5 a 7 do livro de Mateus nos dão a carta magna do Reino.
A mensagem do chamado “sermão da montanha” é poderosa para purificar o pecador e leva-lo pelo caminho da santidade, e o milagre ocorrido logo após esta mensagem é a prova de que Deus estava entre os homens, dando vida à pregação e trazendo os céus à terra.

b)      Mas vá mostrar-se ao sacerdote e apresente a oferta que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho:
Esta ordem que o Senhor deu ao homem curado nos leva diretamente a uma figura de extrema importância do Velho Testamento que se cumpriu no Novo, perante os olhos de muita gente.
A lepra é uma figura do pecado e o milagre foi usado pelo Mestre dos mestres para nos dar uma das maiores chaves de interpretação dos mistérios da Palavra de Deus.
A oferta que Moisés ordenou faz parte da Lei acerca da lepra, apresentada em Levítico, fazendo a correlação perfeita entre a Lei e a Graça, a lepra e o pecado, o físico e o espiritual.

Vejamos alguns ensinos importantes da Lei sobre a lepra:

Disse também o Senhor a Moisés:
"Esta é a regulamentação acerca da purificação de um leproso: ele será levado ao sacerdote, que sairá do acampamento e o examinará. Se a pessoa foi curada da lepra, o sacerdote ordenará que duas aves puras, vivas, um pedaço de madeira de cedro, um pano vermelho e um ramo de hissopo sejam trazidos em favor daquele que será purificado.
Então o sacerdote ordenará que uma das aves seja morta numa vasilha de barro com água da fonte.
Então pegará a ave viva e a molhará, juntamente com o pedaço de madeira de cedro, com o pano vermelho e com o ramo de hissopo, no sangue da ave morta em água corrente.
Sete vezes ele aspergirá aquele que está sendo purificado da lepra e o declarará puro. Depois soltará a ave viva em campo aberto.

Estes versos nos trazem algo maravilhoso sobre a salvação e cura da alma e do corpo.

a)      A água da fonte: O salvador puro, sacrificado em cumprimento da Palavra de Deus.
b)      A ave viva, um pedaço de madeira e o pano vermelho eram molhados no sangue da ave morta e na água corrente: Salvação pelo poder da fé e da Palavra de Deus.
c)      Sete vezes aspergirá aquele que está sendo curado e soltará a ave viva em campo aberto, manchada com o sangue e molhada com a água corrente: Cura e libertação.

Para fortalecer o trabalho ministerial de libertação, há uma segunda parte da lei:

O sacerdote porá um pouco do sangue da oferta pela culpa na ponta da orelha direita daquele que será purificado, no polegar da sua mão direita e no polegar do seu pé direito.
Então o sacerdote pegará um pouco de óleo da caneca e o derramará na palma da sua própria mão esquerda, molhará o dedo direito no óleo que está na palma da mão esquerda, e com o dedo o aspergirá sete vezes perante o Senhor.
O sacerdote ainda porá um pouco do óleo restante na palma da sua mão, na ponta da orelha direita daquele que está sendo purificado, no polegar da sua mão direita e no polegar do seu pé direito, em cima do sangue da oferta pela culpa.
O óleo que restar na palma da sua mão, o sacerdote derramará sobre a cabeça daquele que está sendo purificado e fará propiciação por ele perante o Senhor.

            Aos olhos naturais, tudo isto poderia parecer uma cerimônia ritualística, mas os elementos nos mostram que há muito de espiritualidade por traz de todo o processo exigido na Lei.
            A cura e libertação está presente nas figuras do sangue e do óleo aplicados na orelha, na mão e no pé daquele que foi curado.
            Trazendo para a era da graça, temos a base doutrinária para nossa Igreja atuar com segurança na cura e libertação de todos aqueles que o Senhor encaminha até nós.

            O pecado contamina a alma de quatro formas:

A orelha nos diz que há um cativeiro formado por mentiras e engano.
A mão simboliza o cativeiro dos relacionamentos.
O pé fala sobre o cativeiro do destino profético.
A cabeça nos fala do cativeiro da mente.

Todas estas áreas devem ser tratadas com sangue (arrependimento) e com óleo (vida guiada pelo Espírito Santo)

Estes quatro cativeiros são na verdade um circulo vicioso que começa com as mentiras e enganos, contamina os relacionamentos com Deus e os homens, engessa o crescimento espiritual e finalmente aprisiona a mente, lutando avidamente contra a libertação.
            Um exemplo deste círculo vicioso está logo no primeiro pecado cometido na terra:

A mentira:
Disse a serpente à mulher: "Certamente não morrerão!
A serpente colocou dúvida na mente de Eva com astúcia, mentindo e enganando.

Os relacionamentos
Com Deus:

Ouvindo o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus que andava pelo jardim quando soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as árvores do jardim.
Deus caminhava com Adão pelo jardim em comunhão, mas o engano contaminou o relacionamento e se escondeu do próprio criador.

Com os próximos:

Disse o homem: "Foi a mulher que me deste por companheira que me deu do fruto da árvore, e eu comi".
Após perder a comunhão com Deus, Adão foi desleal com sua mulher, tentando se eximir da culpa jogando a responsabilidade sobre Eva. Esta certamente foi a origem da primeira DR da humanidade.

O caminhar:

Então o Senhor Deus declarou à serpente: "Já que você fez isso, maldita é você entre todos os rebanhos domésticos e entre todos os animais selvagens! Sobre o seu ventre você rastejará, e pó comerá todos os dias da sua vida.
Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar".
À mulher, ele declarou: "Multiplicarei grandemente o seu sofrimento na gravidez; com sofrimento você dará à luz filhos. Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará".
E ao homem declarou: "Visto que você deu ouvidos à sua mulher e comeu do fruto da árvore da qual eu lhe ordenara que não comesse, maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida.
Ela lhe dará espinhos e ervas daninhas, e você terá que alimentar-se das plantas do campo.
Com o suor do seu rosto você comerá o seu pão, até que volte à terra, visto que dela foi tirado; porque você é pó e ao pó voltará".
Deus proferiu sentenças punitivas para todos os envolvidos no primeiro pecado e isto mudou totalmente o destino de cada um. Destino profético é o futuro que Deus planejou para cada um de nós e que pode ser emperrado pelo cativeiro dos pés, ou seja, nossa caminhada diária com Deus.

A mente:

Passado algum tempo, Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor.
Abel, por sua vez, trouxe as partes gordas das primeiras crias do seu rebanho. O Senhor aceitou com agrado Abel e sua oferta, mas não aceitou Caim e sua oferta. Por isso Caim se enfureceu e o seu rosto se transtornou.
O Senhor disse a Caim: "Por que você está furioso? Por que se transtornou o seu rosto?
Se você fizer o bem, não será aceito? Mas se não o fizer, saiba que o pecado o ameaça à porta; ele deseja conquistá-lo, mas você deve dominá-lo".
Disse, porém, Caim a seu irmão Abel: "Vamos para o campo". Quando estavam lá, Caim atacou seu irmão Abel e o matou.
A mentalidade do homem ficou contaminada ao ponto de uma oferta a Deus se transformar em uma rivalidade mortal entre dois irmãos. Esta mente contaminada é a meta do Diabo desde o primeiro cativeiro, que foi a mentira.
Um cativeiro leva ao outro e, por fim, aprisiona o homem totalmente.

            O texto de Levítico nos mostra que o sangue e o óleo são os elementos que purificam e quebram estes cativeiros. Sangue simboliza o arrependimento e a fé em Cristo, enquanto o óleo nos fala sobre o poder libertador do Espírito Santo, transformando as obras da carne em frutos do Espírito.
            Este ministério deve ser exercido pela Igreja e se chama cura e libertação. Mesmo que muitas igrejas não aceitem esta tarefa como doutrina, acabam realizando com outros nomes, mas sempre realizam pois esta é a vontade do Senhor para a Igreja.

            Uma terceira parte do ministério de cura e libertação revelado pelo Senhor nesta chave de correlação nos mostra que a ministração deve ir além, abrangendo a casa física e espiritual:

O Senhor disse a Moisés e a Arão:
"Quando vocês entrarem na terra de Canaã, que lhes dou como propriedade, e eu puser mancha de mofo numa casa, na terra que lhes pertence, o dono da casa irá ao sacerdote e dirá: ‘Parece-me que há mancha de mofo em minha casa’.
Antes de examinar o mofo, o sacerdote ordenará que desocupem a casa para que nada que houver na casa se torne impuro. Depois disso, o sacerdote irá examinar a casa.
Examinará as manchas nas paredes, e, se elas forem esverdeadas ou avermelhadas e parecerem mais profundas do que a superfície da parede, o sacerdote sairá da casa e a deixará fechada por sete dias.
No sétimo dia voltará para examinar a casa. Se as manchas se houverem espalhado pelas paredes da casa, ordenará que as pedras contaminadas pelas manchas sejam retiradas e jogadas num local impuro, fora da cidade.
Fará que a casa seja raspada por dentro e que o reboco raspado seja jogado num local impuro, fora da cidade.
Depois colocarão outras pedras no lugar das primeiras, e rebocarão a casa com barro novo.
"Se as manchas tornarem a alastrar-se na casa depois de retiradas as pedras e de raspada e rebocada a casa, o sacerdote irá examiná-la, e, se as manchas se espalharam pela casa, é mofo corrosivo; a casa está impura.
Ela terá que ser demolida: as pedras, as madeiras e todo o reboco da casa; tudo será levado para um local impuro, fora da cidade.

            Nesta parte da lei, o Senhor fala sobre a casa contaminada, que deve ser purificada e, se não puder ser limpa, deve então ser demolida.
           
            Com isto, aprendemos que o ministério de cura e libertação abrange muito mais do que o pecado pessoal.
                As manchas do pecado afetam não apenas a pessoa, mas todos a sua volta são atingidos pelo mal que emana do pecado. A família e pessoas próximas são afetados e precisam passar pelo processo de libertação. Neste caso, através da intercessão, do testemunho e das atitudes de reparação. Se for impossível reparar, assim como as casas onde as manchas eram impossíveis de serem retiradas, deve haver a demolição. Isto indica um recomeço do zero ou um distanciamento total. 
              O material impuro das casas contaminadas era retirado da cidade.
             A cidade é a Igreja local e as casas impuras são as presenças de seres das trevas que buscam contaminar os membros do corpo de Cristo.
          Como sacerdotes do Senhor, nossa tarefa é lutar contra esta contaminação, eliminando a presença do mal entre nós e na cidade onde vivemos:

Busquem a prosperidade da cidade para a qual eu os deportei e orem ao Senhor em favor dela,
porque a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela".

            Devemos orar e vigiar por nossa vida e pela vida de todos os irmãos de nossa Igreja local. Mas além de orar e vigiar, devemos desenvolver o ministério de Intercessão e de cura e libertação, para que possamos vencer as potestades de toda espécie.

Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu forte poder.
Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes contra as ciladas do diabo,
pois a nossa luta não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.
Efésios 6:10-12





A cura da lepra abre a gaiola, mas é necessário a libertação para que possamos voar.



Marcelo Tristão de Souza


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