15 outubro 2015

Morrer para Viver

Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.
Romanos 10:17





MORRER  PARA  VIVER


Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. 

Quando olho para a situação do mundo em minha volta, me sinto muito mal. Sinto algo como tristeza e culpa. Tristeza por ver tanta coisa errada acontecendo cada dia com mais intensidade e culpa por não fazer nada de substancial para mudar isto.


Na maioria das vezes em que nos sentimos tão mal, buscamos consolo na Palavra de Deus e quase sempre encontramos, mas neste caso, a Palavra de Deus acentuou o sentimento mais ainda.
São tantos exemplos de pessoas que se sentiram assim com grande dor e culpa pelo mal generalizado e também clamaram a Deus e não ouviram a resposta que esperavam!
O coração humano é enganoso, egoísta, cruel, vingativo e outras mazelas mais, e sempre clama baseado nestas qualidades. Mas a resposta de Deus, mesmo quando apenas um extremo e perturbador silêncio, é muito superior à vontade humana.
Hoje não devemos esperar ouvir Deus falar como fazia com alguns profetas, que ouviam uma voz como que humana ou eram visitados por anjos. Este tempo é passado e hoje temos a revelação completa de Deus na pessoa de Jesus e nas páginas das escrituras. Tudo o que precisamos ouvir está bem perto de nós, mais real do que o ar que respiramos.
Imagino que, se meu coração imperfeito, cheio de defeitos que tenho de combater dia e noite, pode se entristecer com a situação do mundo, quanto mais o Espírito Santo, que é puro e perfeito amor?
Então pergunto:
O QUE FALTA ? AMOR? CORAGEM? DESPRENDIMENTO? INCENTIVO?
Creio que estas coisas e algumas outras mais, estão saltando das páginas das escrituras, aos olhos de quem quer sentir. Digo isto pois sei bem que a maioria dos “cristãos” luta bravamente pra sufocar a dor e vergonha de ver almas se perdendo e até se enganam com o fato de mentirem pra si mesmos, com suas vestes diferenciadas, rostos contritos e orações balbuciadas, regadas por lágrimas mornas, em suas reuniões solenes.
Como me entristeço por saber que, na maioria das vezes, acabo embarcando na mesma mentira. Reunimo-nos em nome de Jesus, mas cada um traz consigo seus próprios anseios egoístas, mesmo quando finge estar evangelizando os perdidos. São palavras vazias de sentimento e atitude que acabam mais afastando do que atraindo para Deus.
Um pequeno consolo é saber que, ao longo de toda a história da humanidade, nunca faltou quem se sentisse perturbado e fosse incentivado por Deus a fazer alguma coisa a respeito. É certo que muitos dos que foram despertados por Deus não sentiam tal pressão entes que Deus lhes revelasse, mas há os que já se sentiam responsáveis e por isto foram chamados e ensinados a agir.
Um caso que me chama muito a atenção é o profeta Jonas. Certamente que ele estava incomodado com o mal causado pelos povos bárbaros que tanto afligiam Israel, mas não passava pela sua cabeça que a culpa era do seu próprio povo, que trocava o Deus de Israel por deuses pagãos.
O paralelo entre Jonas e a igreja dos dias atuais é chocante e esclarecedor.
1 - Assim como nós, Jonas se incomoda com o mal, mas não consegue ver que este mal é fruto da incredulidade do próprio povo de Deus. Trocamos a comunhão verdadeira com Deus e o seu povo, por rituais vazios e hipócritas.
2 – Quando chamado para intervir, luta com todas as forças para não ter de confrontar pessoalmente o problema, do mesmo jeito também ocorre com a grande maioria de nós, cristãos da igreja dos últimos dias. É mais fácil e cômodo contribuir com missões do que participar ativamente.
3 – Assim como Jonas, fugimos, pois acreditamos que somos nós quem fará o trabalho, com nosso intelecto, força, vontade... Mas só quando descobrimos que teremos de enfrentar os três dias no ventre da terra e ressuscitar à beira mar, é que então estaremos aptos a fazer a vontade de Deus.

Preparou, pois, o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe.

Mesmo quando finalmente se faz algo que Deus quer que seja feito, esperamos o resultado imediato e à nossa maneira, mas assim como o Filho do Homem usou o paralelo de Jonas para falar de sua própria morte e ressurreição, igualmente deve acontecer conosco, se quisermos realizar a tarefa que nos é proposta.
O apóstolo Paulo também passou pela experiência de maneira dramática, para que ficasse registrado e nós fossemos abençoados com tal revelação.


E esteve três dias sem ver, e não comeu nem bebeu.
Atos 9:9

Outra experiência que dramatiza o sepultamento simbólico e posterior renascimento é o caso do apóstolo Pedro:

E o galo cantou segunda vez. E Pedro lembrou-se da palavra que Jesus lhe tinha dito: Antes que o galo cante duas vezes, três vezes me negarás. E, retirando-se dali, chorou. 

Através da negação, Pedro foi confrontado com seu verdadeiro eu e então pode finalmente entender quem é o verdadeiro Senhor.
Há muitos exemplos de renascimentos nas escrituras, mas estes três são suficientes para nos fazer pensar sobre nossa situação.
Jonas nos mostra nossa relutância em buscar a Deus para vencer nosso ego e então, renascidos da água e do Espírito, marcharmos triunfalmente, levando a mensagem de salvação ao mundo perdido, mesmo que achemos nosso mundo pior do que Nínive.
O exemplo de Paulo mostra a luta entre a religiosidade e o amor. Muitos cristãos vivem uma vida de religiosidade e até mesmo perseguem aqueles que não andam de acordo com seus próprios estilos de interpretação do que seja a vontade de Deus. Assim como Paulo, pensam que estão agradando a Deus e tomam atitudes extremas para que suas ideias sejam aceitas. Mas um encontro direto com o Senhor lhes faz analisarem suas próprias vidas e as escamas são finalmente tiradas de seus olhos e a verdade resplandece.
Pedro nos mostra a impetuosidade sem fundamentos. Assim como Pedro, a maioria dos cristãos faz muito barulho, mas na hora em que sua fé for inquirida, tudo se desmoronará. São corredores velocistas, acreditando que estão numa corrida de 100 metros, mas após um confronto com o Senhor, percebem que estamos numa maratona onde o que importa é chegar ao final integro e acompanhado da maior quantidade possível de companheiros.
Com isto percebo que a resposta para a questão da tristeza por ver o mal prevalecer e da culpa por se sentir inerte é o sepultamento e renascimento diário com o Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.


Na verdade, na verdade vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto. 

Assim como a palavra de Deus é uma semente plantada em nosso coração, nossa vida também é uma semente plantada no solo do mundo, que deve crescer e dar fruto, gerando mais sementes e assim, proporcionando o crescimento do Reino de Deus. Mas se a semente não morrer e germinar, ela apodrece.

Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. 

Este é outro ponto crucial. A prioridade da vida cristã não é ser abençoado e sim, abençoar todos os que forem possíveis com o que Cristo nos dá. Se vivemos para Cristo, a morte não nos assustará. Nosso único medo será ver as pessoas se perderem, morrendo sem Cristo. 

Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor. 

Somente esta constância diária pode nos manter sempre rumo ao alvo.

Mas que diz? A palavra está junto de ti, na tua boca e no teu coração; esta é a palavra da fé, que pregamos, A saber: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.

Confessar ao Senhor Jesus é algo que pode até ser feito superficialmente e enganar aos homens, mas crer é algo impossível de falsificar. Deus conhece os pensamentos do homem mais do que o próprio homem, e não é possível enganar o criador.
Se realmente cremos na ressurreição, então não temos o que temer.
Vejamos o exemplo de Pedro:

Por aquele mesmo tempo o rei Herodes estendeu as mãos sobre alguns da igreja, para os maltratar; e matou à espada Tiago, irmão de João.  Vendo que isso agradava aos judeus, continuou, mandando prender também a Pedro. (Eram então os dias dos pães ázimos.) E, havendo-o prendido, lançou-o na prisão, entregando-o a quatro grupos de quatro soldados cada um para o guardarem, tencionando apresentá-lo ao povo depois da páscoa. Pedro, pois, estava guardado na prisão; mas a igreja orava com insistência a Deus por ele. Ora quando Herodes estava para apresentá-lo, nessa mesma noite estava Pedro dormindo entre dois soldados, acorrentado com duas cadeias e as sentinelas diante da porta guardavam a prisão.
Atos 12:1-6

Todos esperavam que esta fosse a ultima noite da vida de Pedro, e logo de manhã seria entregue aos Judeus para ser julgado. É claro que não seria exatamente um julgamento e sim apenas um amontoado de acusações e logo em seguida haveria um verdadeiro espetáculo de horrores. Mas a atitude de Pedro perante tal situação é simplesmente incrível. Ele estava dormindo profundamente. Será que teríamos a mesma coragem. Eu creio que são raros os que teriam uma atitude destas perante a morte certa.
Mesmo sem ter enfrentado o “julgamento” nesta ocasião, Pedro já mereceria seu lugar na galeria de Hebreus 11, como um verdadeiro gigante da fé. Este sim é um homem que pode ser chamado bem aventurado:

Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguiram e, mentindo, disserem todo mal contra vós por minha causa.
Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram aos profetas que foram antes de vós.
Mateus 5:10-12


Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.





Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor;
Hebreus 12:14
Marcelo Tristão de Souza

Ministério Apostólico Koinonia em Guamaré/RN




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