17 março 2016

Exército de Deus - Parte 01 - Introdução





Os conselhos são importantes para quem quiser fazer planos, e quem sai à guerra precisa de orientação.
Provérbios 20:18


            Toda a história da humanidade é repleta de guerras terríveis e, tanto na história antiga quanto na atualidade, grande parte destas guerras envolve diretamente o povo de Israel. Desde quando comecei minha caminhada com Jesus até hoje, este assunto me chama muito à atenção e até mesmo se transformou em um grande transtorno. Eu não conseguia entender como um Deus de Amor poderia dar ordens para que Seu povo atacasse cidades inteiras e matassem a todos, de crianças a idosos, não poupando nem mesmo os animais. Em várias ocasiões, a ordem era de destruição total. Nada deveria ficar em pé. Casas, edifícios públicos, e até plantações e campos cultiváveis deveriam ser destruídos.
            Na minha visão de novo convertido, o amor e a guerra eram totalmente incompatíveis. Mas quanto mais lia a Bíblia, mais guerras terríveis encontrava nas narrativas. Hoje entendo que o amor de Deus e as guerras continuam sendo incompatíveis em essência, mas que há propósito para todas as coisas que acontecem, tanto no mundo natural quanto no espiritual, mesmo que muitas destas coisas nós nunca chegaremos a entender completamente.
            Muitas vezes confundimos o amor de Deus com nossa visão reduzida de amor. Certamente que o amor de Deus e a nossa percepção de amor estão infinitamente distanciados. Olhando para a Palavra, veremos que o mais próximo que podemos chegar de definir o amor de Deus é através da prática da “obediência”:
            O amor que deve ser vivenciado humanamente é apresentado de forma bem simples:

Não devam nada a ninguém, a não ser o amor de uns pelos outros, pois aquele que ama seu próximo tem cumprido a lei.
Pois estes mandamentos: "Não adulterarás", "não matarás", "não furtarás", "não cobiçarás", e qualquer outro mandamento, todos se resumem neste preceito: "Ame o seu próximo como a si mesmo".
O amor não pratica o mal contra o próximo. Portanto, o amor é o cumprimento da lei.

            Mas o amor de Deus não é tão simples e só pode se iniciar a compreensão através de revelação vinda diretamente do próprio Espírito de Deus:

Quem deu crédito à nossa pregação? E a quem se manifestou o braço do SENHOR?
Porque foi subindo como renovo perante ele, e como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos.
Era desprezado, e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores, e experimentado nos trabalhos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dele caso algum.
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados.

            Para a mente natural, este texto de Isaías é assustador. Ferido de Deus, moído, castigo, pisaduras ... Não nos parece exatamente com uma narrativa de amor, mas é exatamente isto que pulsa neste contexto.
            A maior revelação do Amor de Deus aconteceu durante o ápice da batalha entre Deus e o Diabo. O grande confronto se desenrolou de maneira espantosamente cruel, num sacrifício humano de extremo sofrimento e amor eterno.

A cruz é a grande revelação do amor de Deus.

O meu mandamento é este: amem-se uns aos outros como eu os amei. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos. Vocês serão meus amigos, se fizerem o que eu lhes ordeno.

            Em resumo, amor e sacrifício andam de mãos dadas. A maneira do homem provar seu amor para com Deus é através da obediência:

Samuel, porém, respondeu: "Acaso tem o Senhor tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros.
 
"Venham, voltemos para o Senhor. Ele nos despedaçou, mas nos trará cura; ele nos feriu, mas sarará nossas feridas. Depois de dois dias ele nos dará vida novamente; ao terceiro dia nos restaurará, para que vivamos em sua presença. Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo. Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de inverno, como as chuvas de primavera que regam a terra. "
"Que posso fazer com você, Efraim? Que posso fazer com você, Judá? Seu amor é como a neblina da manhã, como o primeiro orvalho que logo evapora. Por isso eu os despedacei por meio dos meus profetas, eu os matei com as palavras da minha boca; os meus juízos reluziram como relâmpagos sobre vocês.
Pois desejo misericórdia, não sacrifícios, e conhecimento de Deus em vez de holocaustos.

            Toda a história de Israel é narrada com grande foco em batalhas gigantescas e guerras intermináveis. Agora pergunto: Quantos cristãos passaram ou ainda passam por dificuldades em entender o porque de tantas guerras?
            Este assunto é extremamente polêmico e, mesmo nos dias atuais, quando Deus está trazendo um grande alinhamento para a Igreja, na intenção clara de preparar o povo para a volta de Cristo, o entendimento sobre as batalhas continua sendo alvo de discussões teológicas calorosas.
            Creio que não é correto alimentar discussões acerca da Palavra de Deus, mas creio com mais convicção ainda, que aqueles que não buscam entendimento acerca da vontade de Deus expressa em “toda a escritura” está perdendo grandes bênçãos e sofrerá prejuízos com isto.

Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra.

            ”Toda a escritura” inclui as promessas, os chamados, as alegrias e as tristezas. E certamente inclui também as batalhas sangrentas.
            Estas batalhas começam muito antes de Deus entregar a Lei para Seu povo. Desde os primeiros tempos já se iniciaram as batalhas. Com o assassinato de Abel temos a morte estampada em toda a sua crueza. Mesmo sendo uma batalha onde aparentemente somente dois homens se confrontaram, vemos que o Diabo estava envolvido, plantando o ódio, a inveja e a cobiça no coração de Caim através do pecado.

E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz a Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um homem. E deu à luz mais a seu irmão Abel; e Abel foi pastor de ovelhas, e Caim foi lavrador da terra. E aconteceu ao cabo de dias que Caim trouxe do fruto da terra uma oferta ao Senhor. E Abel também trouxe dos primogênitos das suas ovelhas, e da sua gordura; e atentou o Senhor para Abel e para a sua oferta. Mas para Caim e para a sua oferta não atentou. E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante.
E o Senhor disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar.
           
            Na visão natural, dois homens se enfrentaram na batalha, pois mesmo parecendo apenas um ato deliberado de covardia e traição, aos olhos espirituais, vemos que a batalha envolveu Deus e o Diabo também. A oferta que agradaria a Deus seria a oferta entregue com amor e dedicação total. Muitos teólogos fazem análises profundas e minuciosas sobre as ofertas, mas prefiro não “teologar” muito. O que vejo como sendo grande parte do problema está na reação de Caim ao ser preterido. Poderia ter aprendido com o erro e procurado se corrigir e, na próxima ocasião, seria aceito por Deus. O que faltava a Caim era exatamente a disposição de se arrepender e obedecer. No lugar de se submeter à vontade de Deus, pedir perdão e se corrigir, preferiu alimentar o ódio e levar este ódio ao ponto de matar o próprio irmão. Este é o mal que se alastrou por todo o mundo, quando ele se tornou errante e levou consigo esta tão terrível carga de amargura. A partir deste dia, a raiz amarga de ódio, inveja e cobiça se espalhava pela terra e começaria logo a produzir mais espinhos e abrolhos.
            No primeiro grande conflito entre povos que temos narrativa nas Escrituras, Abrão vai à batalha para salvar seu sobrinho Ló, que havia sido levado cativo numa guerra que se iniciava da mesma raiz que foi espalhada através de Caim. Agora a raiz já havia frutificado e se multiplicado. Ódio, cobiça, ganância, corrupção, etc. Todas estas coisas e outras mais culminava em uma sangrenta batalha envolvendo vários reis. 
Logo após a vitória, temos esta maravilhosa afirmação:

Voltando Abrão da vitória sobre Quedorlaomer e sobre os reis que a ele se haviam aliado, o rei de Sodoma foi ao seu encontro no vale de Savé, isto é, o vale do Rei.
Então Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, trouxe pão e vinho e abençoou Abrão, dizendo: "Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, Criador dos céus e da terra. E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou seus inimigos em suas mãos". E Abrão lhe deu o dízimo de tudo.

            Não vemos nas Escrituras, Deus enviando Abrão para esta guerra, mas vemos a afirmação de que Deus lhe deu a vitória. O melhor desta narração é ver que Abrão reconheceu humildemente que havia sido agraciado e não negou a honra à Deus.
            Após vencer a primeira batalha enfrentada pelo povo de Israel ao sair do Egito, veremos outra afirmação maravilhosa que nos ajudará a entender mais sobre as guerras:

 E jurou: "Pelo trono do Senhor! O Senhor fará guerra contra os amalequitas de geração em geração".
Êxodo 17:16

            Esta fora apenas a primeira batalha contra os amalequitas e o Senhor deu vitória ao Seu povo de maneira maravilhosa e didática.
            Quando Moisés erguia as mãos para os céus, Israel prevalecia, mas quando abaixava as mãos, os amalequitas prevaleciam. Com isto, Deus deixava claro que não eram os exércitos quem prevaleciam, mas o próprio Senhor era quem lutava por eles através da intercessão de Moisés.
            Neste dia, Moisés declarou um nome que revela a dependência que devemos ter da força e poder de Deus nas batalhas: Jeová Nissi, o Senhor é a minha bandeira.

Moisés construiu um altar e chamou-lhe "o Senhor é minha bandeira".
Êxodo 17:15

            Com isto, Moisés declarava que só poderiam entrar numa batalha, se o Senhor fosse à frente, guiando e pelejando a favor deles e que a principal participação era ligada diretamente à intercessão.
            Estas duas primeiras batalhas narradas nas Escrituras já nos dão uma luz sobre o assunto.
            Nestes primeiros tempos, as batalhas ocorriam no nível humano, mas Deus se fazia presente no nível espiritual, dando a vitória ao seus escolhidos. Foi assim com Abrão e Moisés e tudo teve origem no conflito entre os dois primeiros filhos de Adão. Mesmo com o mal aparentemente triunfando através da morte de Abel, o plano de Deus seguiu seu curso com o nascimento de Sete.
            Os conflitos entre os homens nunca deixaram de existir e Deus nunca deixou de se envolver diretamente quando houve confiança e intercessão.
Precisamos buscar entendimento sobre a maneira de Deus se envolver e orquestrar o plano divino de redenção, em meio ao caos aparente. É isto que faremos nas próximas reflexões, pois é impossível ser intercessor, sem entender sobre o porque das batalhas e sobre os verdadeiros inimigos a serem enfrentados.
           
 Ele viu que não houve ninguém, admirou-se porque ninguém intercedeu; então o seu braço lhe trouxe livramento e a sua justiça deu-lhe apoio.
Isaías 59:16

Intercessão de hoje:
Que o Senhor nos guie e descortine perante nós a visão correta do campo de batalha e nossa participação efetiva como intercessores e continuadores da obra que Ele nos mostra e capacita através do Espírito Santo.




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