16 agosto 2016

Altar de Comunhão - Koinonia





Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.


            O contexto em que João nos apresenta esta afirmação envolve dois aspectos da comunhão; primeiramente fala sobre o aspecto horizontal, que é a comunhão entre as pessoas que fazem parte da Igreja, e depois, sobre o aspecto vertical, que é a comunhão entre a Igreja e Deus.
            Veja o contexto:

O que era desde o princípio, o que ouvimos e que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam — isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada.
Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que vocês também tenham comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo.
Escrevemos estas coisas para que a nossa alegria seja completa. Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês: Deus é luz; nele não há treva alguma. Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andamos na luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.

            Vemos que a palavra comunhão é citada 3 vezes e nos traz aspectos que devemos observar , para que então possamos ter um quadro completo do que o Apóstolo está ensinando.
            Primeiro, vamos à definição do termo em nossa língua:

Ação ou efeito de comungar.
Ato de realizar ou desenvolver alguma coisa em conjunto.
Harmonia no modo de sentir, pensar, agir; identificação.
Em que há união ou ligação; compartilhamento.


            Para um aprofundamento, veremos também a definição do termo no contexto bíblico do NT, ou seja, o termo grego Koinonia, empregado no texto original:

Koinonia é uma palavra de origem grega e significa “comunhão”. Este termo se tornou muito comum entre os cristãos, sendo utilizado no sentido de companheirismo, participação, compartilhamento e contribuição com o próximo e com Deus.
Com a tradução da bíblia hebraica para o grego, o termo koinonia foi inserido no Novo Testamento, aparecendo pela primeira vez no livro de Atos 2:42, explicando como a vida cristã era compartilhada pelos crentes de Jerusalém.
De acordo com a bíblia, existiriam diversas formas de "koinonias", ou seja, comunhões que caracterizam a vida cristã:
Koinonia de amizade
Koinonia com os pobres
Koinonia na fé
Koinonia no Espírito
Koinonia com Cristo e suas obras
Koinonia com Deus
Em suma, para os cristãos, a koinonia é o que interliga as pessoas com Deus, Cristo e o seu amor.


            No texto de 1João, vemos a intenção do ensino simples e objetivo, trazendo uma visão clara e edificante sobre o real significado da comunhão (koinonia) entre os cristãos e Deus.
            O Apóstolo começa apresentando a comunhão entre Jesus e os seus apóstolos, que foram testemunhas extremamente presentes de tudo o que inicialmente pregaram e depois escreveram. Esta comunhão entre o Senhor e os Apóstolos era a credencial para tudo o que realizaram e sem isto, não haveria sentido algum em todo o esforço.
            Desde o princípio, Jesus buscou pessoas para se relacionar de maneira mais estreita possível. Haviam inúmeros discípulos, mas entre estes, foram destacados 12 para serem mais próximos e foram chamados de apóstolos, que significa “aquele que é mandado em missão”.
Entre estes, vemos que haviam alguns que desfrutaram de uma maior proximidade, ou seja, tiveram maior comunhão com o Senhor, que foram Pedro, João e Tiago, destacados dos demais em momentos extremamente íntimos e importantes.
Veja dois exemplos:
           
1 – A transfiguração:
Aproximadamente oito dias depois de dizer essas coisas, Jesus tomou consigo a Pedro, João e Tiago e subiu a um monte para orar. Enquanto orava, a aparência de seu rosto se transformou, e suas roupas ficaram alvas e resplandecentes como o brilho de um relâmpago.
2- No Getsêmani:
Então Jesus foi com seus discípulos para um lugar chamado Getsêmani e disse-lhes: "Sentem-se aqui enquanto vou ali orar". Levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes então: "A minha alma está profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo".

            Estes dois filhos de Zebedeu eram João e Tiago:
Indo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão. Eles estavam num barco com seu pai, Zebedeu, preparando as suas redes. Jesus os chamou,
Mateus 4:21

            Isto nos mostra que João, Pedro e Tiago tinham uma proximidade maior com o Senhor que não era desfrutada pelos outros discípulos.
            Não temos uma base teológica para explicar a razão que levou o Senhor a separar estes 3 apóstolos em algumas ocasiões e futuramente, no início da Igreja, destacar Pedro e João como líderes, mas podemos observar alguns fatos e tirar conclusões plausíveis.
          Observando a vida de João e Tiago, dois irmãos, filhos de Zebedeu, temos o relato da intercessão realizada pela mãe deles, que se apresentou perante o Senhor e pediu exatamente por esta proximidade a mais:

Então, aproximou-se de Jesus a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e, prostrando-se, fez-lhe um pedido. "O que você quer?”, perguntou ele. Ela respondeu: "Declara que no teu Reino estes meus dois filhos se assentarão um à tua direita e o outro à tua esquerda".

            O pedido desta mãe amorosa foi um tanto exagerado do ponto de vista de todos os que presenciaram a cena, mas a resposta do Senhor não foi totalmente negativa e sim, esclarecedora:

Disse-lhes Jesus: "Vocês não sabem o que estão pedindo. Podem vocês beber o cálice que eu vou beber? " "Podemos", responderam eles. Jesus lhes disse: "Certamente vocês beberão do meu cálice; mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados por meu Pai". Quando os outros dez ouviram isso, ficaram indignados com os dois irmãos.

Jesus não estava negando o pedido e sim, explicando o que aconteceria quando eles realmente alcançassem tal intimidade.
A partir desta resposta, o Senhor trouxe um ensino mais profundo e objetivo sobre liderança.
Os líderes deveriam estar dispostos a enfrentar o cálice de sofrimento que Jesus enfrentaria e esta disposição não vinha deles, mas é o próprio Pai quem escolhe os líderes e lhes concede esta disposição.
Na sequencia, vemos a natureza da liderança no Reino de Deus:

Jesus os chamou e disse: Vocês sabem que os governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas.
Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.

Que maravilha seria se mais mães tivessem esta ousadia e determinação de interceder por seus filhos, pedindo para que eles tivessem uma proximidade a mais com o Senhor! 
Temos uma revelação maior do que tinha a mãe de João e Tiago. Hoje devemos interceder para que nossos filhos ou qualquer outra pessoa que o Espírito Santo nos inspirar, estejam assentados com Cristo nas regiões celestiais.
Esta é a vontade do Pai para que haja mais líderes verdadeiros na Igreja, que sejam intercessores e frutos da intercessão.

Vejamos agora Pedro, que foi um dos principais líderes da Igreja e também exercia grande influencia entre os apóstolos.
Pedro, Tiago e João eram companheiros antes mesmo de serem chamados por Jesus, tendo laços de comunhão já firmados quando foram chamados os 3 juntos para serem discípulos de Cristo, após testemunharem o poder do Senhor sendo manifesto:

Pois ele e todos os seus companheiros estavam perplexos com a pesca que haviam feito, como também Tiago e João, os filhos de Zebedeu, sócios de Simão (Pedro). Então Jesus disse a Simão: "Não tenha medo; de agora em diante você será pescador de homens". Eles então arrastaram seus barcos para a praia, deixaram tudo e o seguiram.

Temos diversos relatos que nos demonstram a proximidade entre Pedro e o Senhor, e o que vemos de mais objetivo na personalidade deste apóstolo que o destacava dos demais é a ousadia e coragem. Durante os anos de caminhada com Jesus até a crucificação, vemos que esta ousadia foi motivo de repreensão, pois trouxe problemas, mas o tempo e dedicação do Senhor transformaram aquilo que era um problema de temperamento em instrumento de transformação.
No 1º dia de pentecostes após a crucificação, toda a ousadia de Pedro foi canalizada em forma de liderança e o levou a transmitir o discurso que deu início ao Ministério do Espírito Santo através da Igreja:

Então Pedro levantou-se com os Onze e, em alta voz, dirigiu-se à multidão:

Logo após, vemos Pedro e João caminhando juntos e sendo canal do poder de Deus para cura e libertação, pelo nome de Jesus:

Estava sendo levado para a porta do templo chamada Formosa um aleijado de nascença, que ali era colocado todos os dias para pedir esmolas aos que entravam no templo. Vendo que Pedro e João iam entrar no pátio do templo, pediu-lhes esmola. Pedro e João olharam bem para ele e, então, Pedro disse: "Olhe para nós! " O homem olhou para eles com atenção, esperando receber deles alguma coisa. Disse Pedro: "Não tenho prata nem ouro, mas o que tenho, isto lhe dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, ande". Segurando-o pela mão direita, ajudou-o a levantar-se, e imediatamente os pés e os tornozelos do homem ficaram firmes. E de um salto pôs-se de pé e começou a andar. Depois entrou com eles no pátio do templo, andando, saltando e louvando a Deus.

É desta comunhão que João fala quando relata a revelação de Jesus Cristo como Verbo Vivo, e nos chama à Koinonia com Deus e com a Igreja.
Comunhão se inicia com o conhecimento mútuo entre as partes e então, vem o respeito e o amor.
O meio de alcançarmos este maravilhoso privilégio se inicia pelo conhecimento e pela busca constante, conforme relata Oséias e o próprio Senhor Jesus confirma:

Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo. Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de inverno, como as chuvas de primavera que regam a terra.
Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.

Sem comunhão não há vida e sem vida, só trevas.

Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.

O Antigo Testamento nos trás a figura da comunhão nas ofertas e também há ensino nos  elementos que devem acompanhar esta oferta:

01 - Façam-me um altar de terra e nele sacrifiquem-me os seus holocaustos e as suas ofertas de comunhão, as suas ovelhas e os seus bois. Onde quer que eu faça celebrar o meu nome, virei a vocês e os abençoarei.
Altar de terra: Nosso corpo – Celebremos o nome daquele que nos fez do pó da terra e Ele virá a nós e nos abençoará.
02 - Se me fizerem um altar de pedras, não o façam com pedras lavradas, porque o uso de ferramentas o profanaria.
            Altar de pedra: pedra bruta – Deus não espera um ritual criado por homens e sim, a entrega de forma simples e sem moldes humanos.
03 - Não subam por degraus ao meu altar, para que nele não seja exposta a sua nudez.
            Nudez: Santidade e intimidade – devemos estar separados de tudo e ter intimidade apenas com Deus, revelando e dedicando somente a Ele quem realmente somos e então, o próprio Senhor revelará aos outros o que devem ver em nós e teremos comunhão completa.

            Esta figura é completamente explicada no Novo testamento pelo Apóstolo Paulo:

Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Pois pela graça que me foi dada digo a todos vocês: ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, pelo contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu.
Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros.

Necessitamos urgentemente de mais comunhão com Deus e com o povo dEle, para que estejamos preparados para as batalhas diárias.
            Vamos interceder para que tudo isto não seja apenas estudado e aprendido, mas que venha a revelação do Espírito, que vai além da letra:

A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês.





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