Nossa comunhão é com o Pai e
com seu Filho Jesus Cristo.
O contexto
em que João nos apresenta esta afirmação envolve dois aspectos da comunhão;
primeiramente fala sobre o aspecto horizontal, que é a comunhão entre as pessoas
que fazem parte da Igreja, e depois, sobre o aspecto vertical, que é a comunhão
entre a Igreja e Deus.
Veja
o contexto:
O que era desde o princípio, o que ouvimos e que
vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam — isto
proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e
dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e
nos foi manifestada.
Nós lhes proclamamos o que vimos e ouvimos para que
vocês também tenham comunhão conosco. Nossa comunhão é com o Pai
e com seu Filho Jesus Cristo.
Escrevemos estas coisas para que a nossa alegria
seja completa. Esta é a mensagem que dele ouvimos e transmitimos a vocês: Deus
é luz; nele não há treva alguma. Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas
andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andamos na
luz, como ele está na luz, temos comunhão uns com os outros, e o sangue
de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.
Vemos
que a palavra comunhão é citada 3 vezes e nos traz aspectos que devemos
observar , para que então possamos ter um quadro completo do que o
Apóstolo está ensinando.
Primeiro,
vamos à definição do termo em nossa língua:
Ação ou efeito de comungar.
Ato de realizar ou desenvolver alguma coisa em conjunto.
Harmonia no modo de sentir, pensar, agir; identificação.
Em que há união ou ligação; compartilhamento.
Para
um aprofundamento, veremos também a definição do termo no contexto bíblico do
NT, ou seja, o termo grego Koinonia, empregado no texto original:
Koinonia é uma palavra de
origem grega e significa “comunhão”. Este termo se tornou muito comum entre os cristãos, sendo
utilizado no sentido de companheirismo, participação, compartilhamento e contribuição com o
próximo e com Deus.
Com a tradução da
bíblia hebraica para o grego, o termo koinonia foi inserido no Novo Testamento,
aparecendo pela primeira vez no livro de Atos 2:42, explicando como a vida
cristã era compartilhada pelos crentes de Jerusalém.
De acordo com a
bíblia, existiriam diversas formas de "koinonias", ou seja, comunhões
que caracterizam a vida cristã:
Koinonia de amizade
Koinonia com os pobres
Koinonia na fé
Koinonia no Espírito
Koinonia com Cristo e suas
obras
Koinonia com Deus
Em suma, para os
cristãos, a koinonia é o que interliga as pessoas com Deus, Cristo e o seu
amor.
No
texto de 1João, vemos a intenção do ensino simples e objetivo, trazendo uma
visão clara e edificante sobre o real significado da comunhão (koinonia) entre
os cristãos e Deus.
O Apóstolo
começa apresentando a comunhão entre Jesus e os seus apóstolos, que foram
testemunhas extremamente presentes de tudo o que inicialmente pregaram e depois
escreveram. Esta comunhão entre o Senhor e os Apóstolos era a credencial para
tudo o que realizaram e sem isto, não haveria sentido algum em todo o esforço.
Desde
o princípio, Jesus buscou pessoas para se relacionar de maneira mais estreita
possível. Haviam inúmeros discípulos, mas entre estes, foram destacados 12 para
serem mais próximos e foram chamados de apóstolos, que significa “aquele que é
mandado em missão”.
Entre estes, vemos que
haviam alguns que desfrutaram de uma maior proximidade, ou seja, tiveram maior
comunhão com o Senhor, que foram Pedro, João e Tiago, destacados dos demais em
momentos extremamente íntimos e importantes.
Veja dois exemplos:
1 – A transfiguração:
Aproximadamente oito dias depois de dizer essas
coisas, Jesus tomou consigo a Pedro, João e Tiago e subiu a um monte para orar.
Enquanto orava, a aparência de seu rosto se transformou, e suas roupas ficaram
alvas e resplandecentes como o brilho de um relâmpago.
2- No
Getsêmani:
Então Jesus foi com seus discípulos para um lugar
chamado Getsêmani e disse-lhes: "Sentem-se aqui enquanto vou ali
orar". Levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a
entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes então: "A minha alma está
profundamente triste, numa tristeza mortal. Fiquem aqui e vigiem comigo".
Estes dois filhos de Zebedeu eram
João e Tiago:
Indo adiante, viu outros dois irmãos: Tiago, filho
de Zebedeu, e João, seu irmão. Eles estavam num barco com seu pai, Zebedeu,
preparando as suas redes. Jesus os chamou,
Mateus 4:21
Isto
nos mostra que João, Pedro e Tiago tinham uma proximidade maior com o Senhor
que não era desfrutada pelos outros discípulos.
Não
temos uma base teológica para explicar a razão que levou o Senhor a separar
estes 3 apóstolos em algumas ocasiões e futuramente, no início da Igreja,
destacar Pedro e João como líderes, mas podemos observar alguns fatos e tirar
conclusões plausíveis.
Observando a vida de João e Tiago, dois irmãos, filhos de Zebedeu, temos o relato da intercessão realizada
pela mãe deles, que se apresentou perante o Senhor e pediu exatamente por esta
proximidade a mais:
Então, aproximou-se de Jesus a mãe dos filhos de
Zebedeu com seus filhos e, prostrando-se, fez-lhe um pedido. "O que você
quer?”, perguntou ele. Ela respondeu: "Declara que no teu Reino estes meus
dois filhos se assentarão um à tua direita e o outro à tua esquerda".
O pedido
desta mãe amorosa foi um tanto exagerado do ponto de vista de todos os que
presenciaram a cena, mas a resposta do Senhor não foi totalmente negativa e sim, esclarecedora:
Disse-lhes Jesus: "Vocês não sabem o que estão
pedindo. Podem vocês beber o cálice que eu vou beber? "
"Podemos", responderam eles. Jesus lhes disse: "Certamente vocês
beberão do meu cálice; mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda
não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram
preparados por meu Pai". Quando os outros dez ouviram isso, ficaram
indignados com os dois irmãos.
Jesus não estava negando o
pedido e sim, explicando o que aconteceria quando eles realmente alcançassem tal
intimidade.
A partir desta resposta, o
Senhor trouxe um ensino mais profundo e objetivo sobre liderança.
Os líderes deveriam estar
dispostos a enfrentar o cálice de sofrimento que Jesus enfrentaria e esta
disposição não vinha deles, mas é o próprio Pai quem escolhe
os líderes e lhes concede esta disposição.
Na sequencia, vemos a
natureza da liderança no Reino de Deus:
Jesus os chamou e disse: Vocês sabem que os
governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre
elas.
Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem
quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo, e quem quiser ser o
primeiro deverá ser escravo; como o Filho do homem, que não veio para ser
servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.
Que maravilha seria se mais mães
tivessem esta ousadia e determinação de interceder por seus filhos, pedindo
para que eles tivessem uma proximidade a mais com o Senhor!
Temos uma revelação maior do que tinha a mãe de João e Tiago. Hoje devemos interceder para que nossos filhos ou qualquer outra pessoa que o Espírito Santo nos inspirar, estejam assentados com Cristo nas regiões celestiais.
Esta é a vontade do Pai para que haja mais líderes verdadeiros na Igreja, que sejam intercessores e frutos da intercessão.
Temos uma revelação maior do que tinha a mãe de João e Tiago. Hoje devemos interceder para que nossos filhos ou qualquer outra pessoa que o Espírito Santo nos inspirar, estejam assentados com Cristo nas regiões celestiais.
Esta é a vontade do Pai para que haja mais líderes verdadeiros na Igreja, que sejam intercessores e frutos da intercessão.
Vejamos agora Pedro, que foi
um dos principais líderes da Igreja e também exercia grande influencia entre os
apóstolos.
Pedro, Tiago e João eram companheiros antes mesmo de serem chamados por Jesus,
tendo laços de comunhão já firmados quando foram chamados os 3 juntos para
serem discípulos de Cristo, após testemunharem o poder do Senhor sendo
manifesto:
Pois ele e todos os seus companheiros estavam
perplexos com a pesca que haviam feito, como também Tiago e João, os filhos de
Zebedeu, sócios de Simão (Pedro). Então Jesus disse a Simão: "Não tenha
medo; de agora em diante você será pescador de homens". Eles então
arrastaram seus barcos para a praia, deixaram tudo e o seguiram.
Temos diversos relatos que
nos demonstram a proximidade entre Pedro e o Senhor, e o que vemos de mais
objetivo na personalidade deste apóstolo que o destacava dos demais é a
ousadia e coragem. Durante os anos de caminhada com Jesus até a crucificação,
vemos que esta ousadia foi motivo de repreensão, pois trouxe problemas, mas
o tempo e dedicação do Senhor transformaram aquilo que era um problema de
temperamento em instrumento de transformação.
No 1º dia de pentecostes
após a crucificação, toda a ousadia de Pedro foi canalizada em forma de
liderança e o levou a transmitir o discurso que deu início ao Ministério do Espírito
Santo através da Igreja:
Então Pedro levantou-se com os Onze e, em alta voz,
dirigiu-se à multidão:
Logo após, vemos Pedro e João
caminhando juntos e sendo canal do poder de Deus para cura e libertação, pelo
nome de Jesus:
Estava sendo levado para a porta do templo chamada
Formosa um aleijado de nascença, que ali era colocado todos os dias para pedir
esmolas aos que entravam no templo. Vendo que Pedro e João iam entrar no pátio
do templo, pediu-lhes esmola. Pedro e João olharam bem para ele e, então, Pedro
disse: "Olhe para nós! " O homem olhou para eles com atenção,
esperando receber deles alguma coisa. Disse Pedro: "Não tenho prata nem
ouro, mas o que tenho, isto lhe dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno,
ande". Segurando-o pela mão direita, ajudou-o a levantar-se, e
imediatamente os pés e os tornozelos do homem ficaram firmes. E de um salto
pôs-se de pé e começou a andar. Depois entrou com eles no pátio do templo,
andando, saltando e louvando a Deus.
É desta comunhão que João
fala quando relata a revelação de Jesus Cristo como Verbo Vivo, e nos chama à Koinonia
com Deus e com a Igreja.
Comunhão se inicia com o conhecimento mútuo entre as partes e então, vem o respeito e o amor.
Comunhão se inicia com o conhecimento mútuo entre as partes e então, vem o respeito e o amor.
O meio de alcançarmos este
maravilhoso privilégio se inicia pelo conhecimento e pela busca constante,
conforme relata Oséias e o próprio Senhor Jesus confirma:
Conheçamos o Senhor; esforcemo-nos por conhecê-lo.
Tão certo como nasce o sol, ele aparecerá; virá para nós como as chuvas de
inverno, como as chuvas de primavera que regam a terra.
Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.
Sem comunhão não há vida e sem vida, só trevas.
Se afirmarmos que temos comunhão com ele, mas
andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.
O Antigo Testamento nos trás
a figura da comunhão nas ofertas e também há ensino nos elementos
que devem acompanhar esta oferta:
01 - Façam-me um altar de terra e nele
sacrifiquem-me os seus holocaustos e as suas ofertas de comunhão, as suas
ovelhas e os seus bois. Onde quer que eu faça celebrar o meu nome, virei a
vocês e os abençoarei.
Altar de terra: Nosso corpo –
Celebremos o nome daquele que nos fez do pó da terra e Ele virá a nós e nos
abençoará.
02 - Se me fizerem um altar de pedras, não o façam
com pedras lavradas, porque o uso de ferramentas o profanaria.
Altar
de pedra: pedra bruta – Deus não espera um ritual criado por homens e sim, a
entrega de forma simples e sem moldes humanos.
03 - Não subam por degraus ao meu altar, para que
nele não seja exposta a sua nudez.
Nudez:
Santidade e intimidade – devemos estar separados de tudo e ter intimidade
apenas com Deus, revelando e dedicando somente a Ele quem realmente somos e
então, o próprio Senhor revelará aos outros o que devem ver em nós e teremos
comunhão completa.
Esta
figura é completamente explicada no Novo testamento pelo Apóstolo Paulo:
Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de
Deus que se ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o
culto racional de vocês. Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas
transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de
experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.
Pois pela graça que me foi dada digo a todos vocês:
ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas, pelo
contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus
lhe concedeu.
Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos
membros e esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em
Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está ligado a
todos os outros.
Necessitamos urgentemente de mais comunhão com Deus e com o povo dEle, para que estejamos preparados para as batalhas diárias.
Vamos
interceder para que tudo isto não seja apenas estudado e aprendido, mas que venha
a revelação do Espírito, que vai além da letra:
A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a
comunhão do Espírito Santo sejam com todos vocês.