17 março 2015

Segunda Chance






Deus faz dessas coisas ao homem, duas ou três vezes,
para recuperar sua alma da cova, a fim de que refulja sobre ele a luz da vida.
Jó 33:29,30



Há muitas pessoas na Igreja de nossos dias que buscam a Deus com fervor, servindo com retidão e amor, mas infelizmente há muitas que apenas frequentam reuniões, sem compromisso algum com Deus e sua Palavra.
Entre os que frequentam a Igreja mas nunca se integram para fazer parte como um corpo, temos os que são eternos “simpatizantes” e nunca tomam a decisão de serem verdadeiros cristãos.
Há também os que respondem ao chamado para serem cristãos, mas não tomaram a decisão com sinceridade, ou melhor, não foram sinceros consigo mesmos, e desta forma, ou saem logo ou permanecem por muito tempo sem passarem por transformações reais.
Há também os eternos meio termo, que são os que querem muito seguir o evangelho, mas não tem firmeza em suas convicções.
Vamos estudar um pouco do tratamento de Deus com um caso específico, que é o caso dos que não entram nem saem da igreja. Não entram totalmente por não conseguirem ou não quererem se adaptar ao padrão do evangelho e não saem definitivamente por imposição de familiares ou por sentirem que devem ficar, mas não conseguem permanecer por inteiro.
É a velha e terrível dúvida de adolescente, que faz com que os jovens percam anos de vida e muitas vezes a própria vida. Deveria ser um caso específico para adolescentes, mas é notável que o problema afeta pessoas de todas as idades.
Graças a Deus que há uma segunda chance, mesmo quando parece que a morte espiritual é inevitável.

Vamos ao texto.


Navegamos de Filipos, após a festa dos pães sem fermento, e cinco dias depois nos reunimos com os outros em Trôade, onde ficamos sete dias. No primeiro dia da semana reunimo-nos para partir o pão, e Paulo falou ao povo. Pretendendo partir no dia seguinte, continuou falando até a meia-noite. Havia muitas candeias no piso superior onde estávamos reunidos.
Um jovem chamado Êutico, que estava sentado numa janela, adormeceu profundamente durante o longo discurso de Paulo. Vencido pelo sono, caiu do terceiro andar. Quando o levantaram, estava morto. Paulo desceu, inclinou-se sobre o rapaz e o abraçou, dizendo: “Não fiquem alarmados! Ele está vivo!”
Então subiu novamente, partiu o pão e comeu. Depois, continuou a falar até o amanhecer e foi embora.
Levaram vivo o jovem, o que muito os consolou.
Atos 20:6 a 12.


Este jovem chamado Êutico, que é um nome grego e significa “feliz”, enfrentou o dia mais difícil de sua vida e também o dia que certamente marcou o início de sua nova vida.
Os nomes na Bíblia sempre têm significados importantes e no caso de Êutico, não é diferente. Este jovem era feliz ou apenas se enganava?
Há alguns pontos a se estudar nesta história.
1 – O vers. 7 nos diz que era um culto de domingo, onde se celebrava a Ceia do Senhor, e já naquela época era o culto mais frequentado. Assim como nos dias de hoje, muitos jovens vão à igreja no domingo por imposição de seus pais ou responsáveis, e este pode bem ser o caso de Êutico.
2 – Os visitantes eram ilustres e todos queriam conhecê-los de perto. Ainda hoje, quando há visitantes de renome, a igreja fica muito mais cheia do que de costume, pois muitos não querem mais ouvir os irmãos da igreja local.
3 – O vers. 8 fala que havia muitas candeias no piso superior. Estas candeias simbolizam a distração durante a pregação da Palavra de Deus. Muitos ficam procurando algo no meio da igreja para desviar a atenção da mensagem. A fumaça das candeias certamente cansava a vista das pessoas e causava muito sono, assim como o vai e vem de pessoas no meio da igreja e o burburinho das conversinhas paralelas, nos dias atuais.
4 – o Vers. 9 nos apresenta este jovem “feliz” sentado na janela, no 3º andar. Esta atitude é carregada de grande significado:
a)      A felicidade de Êutico era baseada em coisas fúteis simbolizada na aventura de se assentar num lugar perigoso.
b)      A janela simboliza a falta de compromisso com Deus e a Igreja, ficando dividido entre o interior e o exterior. Da janela se podia ver todo o interior do prédio e também a rua. Era a maneira de manter as prioridades da vida bem divididas entre Deus e o mundo. Da janela  se pode ouvir os burburinhos na igreja e os burburinhos lá de fora, na rua. Infelizmente, esta é a situação de grande parte dos cristãos de hoje em dia, que estão assentados nas janelas da vida, achando que tudo é uma aventura e que podem olhar tudo do alto, como se fossem imunes a todo o mal e bem deste mundo e até mesmo independentes de Deus. Muitos se envolvem com as coisas do mundo e acreditam que é tudo normal e que podem conviver com tudo sem problemas.

O fato de adormecer durante o discurso demonstra a falta de atenção. A janela divide a atenção e atrai mais para o burburinho do que para os sons principais, que são os louvores, a adoração, as leituras e a pregação. O burburinho e a distração provocam o sono espiritual e a queda. Muitos estão assentados nas janelas e dormindo espiritualmente, deixando de adorar a Deus e não ouvindo o que o Espírito diz às igrejas. Outro fato que o adormecer demonstra é o desprezo pela mensagem e pelo mensageiro. A maioria das pessoas olha demais para a pessoa do pregador e acaba não absorvendo a mensagem.  Mas é maravilhoso ver a atitude de Paulo. Mesmo tendo sido desprezado por Êutico, vai até o corpo estendido e toma a mesma atitude que tinha durante a pregação. Enquanto Paulo pregava, era como se Jesus estivesse se inclinando sobre cada ouvinte, abraçando e dando vida, mas muitos não conseguem absorver isto e acabam dormindo o sono da morte espiritual. Quando Êutico cai da janela, Paulo interrompe o discurso, vai até lá e faz fisicamente o que procurava fazer com palavras. Deus responde ao ato de fé com um grande milagre, dando uma segunda chance ao jovem Êutico.
O verdadeiro pregador busca exatamente isto. Levar os ouvintes a uma sensação viva da presença de Jesus sobre eles e sentirem a vida fluindo através de cada palavra. Infelizmente muitos pregadores não têm na pregação, a primeira atitude que Paulo teve quando o rapaz caiu, que foi de descer até ele. Se o pregador se mantém distante, contando casos, gritando e gesticulando, a distância acaba dando a impressão de que a mensagem nem é conosco. Mas quando o pregador procura se aproximar dos ouvintes e tocar o coração de cada um com a Palavra inspirada por Deus, a reação é de vida e vida com abundância.
Não entendo a gritaria que se faz durante muitas pregações por aí, onde uns tentam gritar mais que os outros e a maioria sequer entende o que o pregador está dizendo. Este entender não é somente a pronúncia das palavras, mas o significado do contexto da mensagem. Se uma mensagem visa emocionar e provocar gritos com frases prontas e chavões, tudo o que vai produzir é exatamente isto, emocionalismo e gritaria e logo será totalmente esquecida.

Vamos interceder a Deus pelos adormecidos espirituais e pelos pregadores emocionalistas, que buscam mais as janelas do que a presença de Deus, pois creio que tanto quem se assenta nas janelas da vida como os que buscam atrair a atenção dos janeleiros com gritos e chavões são aventureiros se afastando mais e mais do centro da vontade do Pai.
Se for necessário cair da janela, que assim seja, mas jamais volte para lá, pois pode ser que não haja outra chance de vida.
Nosso compromisso, como intercessores, é amar e interceder por cada pessoa, não importa se são verdadeiros discípulos de Jesus, se frequentam a Igreja apenas como simpatizantes, ou se estão na janela.

Deus tem uma segunda chance para todos e nós devemos interceder para que isto seja realidade sempre.




Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor;
Hebreus 12:14












Marcelo Tristão de Souza
Guamaré/RN



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