06 maio 2016

Obediência

Logo a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Cristo.
Romanos 10:17

Obediência




Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade,
mas a vontade daquele que me enviou.
João 6:38



            Jesus é o mestre por excelência e isto está comprovado pela perfeição de tudo o que ensinou mas também há outro ponto que diferencia totalmente os ensinos de Jesus dos outros mestres: Ele sempre vivia o que ensinava e dava primeiro o exemplo pela sua própria vida.
            Uma das principais lições que Ele trouxe com insistência foi colocar a vontade do Pai acima de qualquer vontade própria. E nisto o Senhor sempre deu o exemplo inquestionável.
            Veja como o Apostolo Paulo transmite este ensinamento recebido do Mestre.

Não atente cada um para o que é propriamente seu, mas cada qual também para o que é dos outros. De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.

            Que maravilhoso resumo do que significa obediência, ou seja, colocar a vontade do Pai acima da vontade própria.
            No momento de dar o passo final para se entregar na mão dos seus executores, o Senhor teve um momento de diálogo com Deus, colocando toda a sua humanidade à prova e nos garantindo que, mesmo parecendo extremamente difícil de se cumprir, a vontade do Pai é o caminho a ser seguido e pode sim, ser seguido.

Então chegou Jesus com eles a um lugar chamado Getsêmani, e disse a seus discípulos: Assentai-vos aqui, enquanto vou além orar. E, levando consigo Pedro e os dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se muito.
Então lhes disse: A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo. E, indo um pouco mais para diante, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu quero, mas como tu queres.

            Este é o momento mais angustiante de toda a narrativa dos evangelhos. Vemos que o grande Mestre, que era seguido por multidões, curou enfermos, ressuscitou mortos, alimentou milhares de pessoas, enfim, realizou grandes feitos perante todo o povo, agora estava sozinho perante sua angústia e dor. Três vezes o Senhor orou e não obteve resposta e em todas as vezes em que buscou seus discípulos, os encontrou abatidos perante a pressão das trevas.
            Os três que o Senhor escolheu para estar consigo naquele momento crucial eram pescadores, acostumados com as noites sem dormir, trabalhando pelo sustento, mas que, justamente naquela noite tão importante, não puderam suportar o sono nem por uma hora. Creio que não foi um sono comum que os derrubou, e sim a pressão das trevas para que não dessem apoio ao seu Mestre. Afirmo isto baseado nesta declaração:

E, voltando para os seus discípulos, achou-os adormecidos; e disse a Pedro: Então nem uma hora pudeste velar comigo? Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.

            No relato do evangelho de Lucas, vemos que a agonia era tão intensa que um anjo estava ali para consolar o Senhor e seu suor tornou-se em sangue.

E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e, pondo-se de joelhos, orava,
Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice; todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.
E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia.
E, posto em agonia, orava mais intensamente. E o seu suor tornou-se como grandes gotas de sangue, que corriam até ao chão.

            Chegava finalmente a hora final da batalha das trevas para desviar o Senhor dos propósitos do Pai e Jesus estava completamente sozinho. Os discípulos sucumbiam ao sono e o Pai silenciava perante suas súplicas. Esta foi a terceira oração e seguiu-se a sua entrega nas mãos dos homens. Digo entrega, pois se não fosse assim, jamais teriam poder para leva-lo contra a vontade.
            Por mais que os discípulos pensassem que o seu Mestre estava sendo dominado, a realidade era totalmente outra. Os homens estavam cumprindo tudo o que estava escrito na Lei, nos Profetas, nos Salmos e até nos livros históricos, pois em todo o Velho Testamento, temos revelações que, se reunidas e organizadas, contam passo a passo tudo o que aconteceu naqueles anos.
            Jesus estava simplesmente cumprindo o plano de Deus, mesmo que a oração do Getsêmani pareça dizer o contrário.
            O cálice de que o Senhor falou com o Pai não foi apenas a dor física que teria de enfrentar e sim, o pecado de toda a humanidade que estava sendo colocado sobre seus ombros. Naquele momento, o cordeiro de Deus passara por todos os testes e estava sendo definitivamente apresentado como aquele que tiraria o pecado do mundo. Era esta a vontade do Pai e era isto que Jesus estava realizando, mesmo tendo de enfrentar toda a oposição do reino das trevas, que sabiam exatamente o que estava acontecendo.
            Aos olhos dos discípulos, que não podiam suportar a pressão e caiam em profundo sono, Jesus estava somente orando, como era de costume, mas o que acontecia naquela noite crucial era o confronto final entre o homem e as trevas. O primeiro confronto aconteceu no Jardim do Éden, onde o homem foi derrotado, trazendo a maldição do pecado para mundo, mas neste segundo confronto, entre o segundo homem e as trevas, a vitória foi de toda a humanidade.
           
Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos.

            Eis aí o grande exemplo de obediência que Jesus nos deu para seguir. Não importa a dificuldade a ser enfrentada, devemos sempre ter a certeza de que Ele venceu e nós podemos vencer também.
            Jesus venceu todas as barreiras possíveis antes de chegar ao Getsêmani. Não foram os três anos entre o batismo de João e a Cruz. A obediência do Senhor começou quando o Pai apresentou no céu o pecado da humanidade e o Senhor se apresentou como a solução.

E vendo que ninguém havia, maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; por isso o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve.

            Jesus é este braço de Deus estendido para a humanidade e trazendo salvação para todos os que creem e colocam a vontade do Pai em primeiro lugar sempre.
            A Lei não poderia ser este braço, pois só podia apontar para o pecado, mas não era capaz de trazer a libertação.

Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste. Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de mim está escrito. Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração.

            Desde os céus, a decisão de Jesus já estava tomada e a sua obediência traria a restauração da paz entre o homem e Deus.
            Tudo na vida do Senhor apontava para o Getsêmani e a Cruz. Ate mesmo a sua profissão, herdada do pai terreno, apontava para a decisão que seria alvo de constantes ataques das trevas.
            Os historiadores cristãos e pagãos relatam os costumes bárbaros do império Romano e entre estes costumes, um dos piores era o de humilhar ao extremo suas vítimas para servir de exemplo para os que ousassem se rebelar. Dentre estas humilhações, a pior era a crucificação. Este era um espetáculo que certamente ficaria na lembrança e nos pesadelos de todos os inimigos do império. Mas foi exatamente esta a profissão que Jesus desempenhou ao lado de José, sendo carpinteiros numa região turbulenta para Roma e sendo obrigados a fabricar as cruzes onde muitos de seu próprio povo eram executados.
            Por isto podemos afirmar que o cálice não era a dor física que seria causada pela crucificação, pois esta agonia já havia sido enfrentada desde a adolescência.
            Outro fato relatado nas escrituras e que chama a atenção para a obediência total do Senhor Jesus desde o início é o relato de sua visita ao templo no final de sua infância.

E, tendo ele já doze anos, subiram a Jerusalém, segundo o costume do dia da festa.
E, regressando eles, terminados aqueles dias, ficou o menino Jesus em Jerusalém, e não o soube José, nem sua mãe. Pensando, porém, eles que viria de companhia pelo caminho, andaram caminho de um dia, e procuravam-no entre os parentes e conhecidos; E, como o não encontrassem, voltaram a Jerusalém em busca dele. E aconteceu que, passados três dias, o acharam no templo, assentado no meio dos doutores, ouvindo-os, e interrogando-os. E todos os que o ouviam admiravam a sua inteligência e respostas.
           
            A admiração dos doutores nos mostra que Ele conhecia as escrituras de uma maneira que não era comum. As respostas dadas não eram as que os doutores costumavam dar e por isto a admiração dos ouvintes. Se fossem respostas comuns que qualquer ouvinte poderia dar, não haveria motivos para que alguém parasse para ouvir por muito tempo.
            O conhecimento do Senhor não era como o dos doutores, pois era obtido diretamente dos céus. Sendo homem em meio aos homens, o Senhor tinha consigo a presença contínua do Espírito Santo, fazendo a ligação direta entre o homem Jesus e o Jesus Deus. Veja novamente a revelação dada através do Apóstolo Paulo:

Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus,
Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens;

            Jesus só poderia cumprir a exigência de Deus para o sacrifício perfeito, sendo completamente humano e perfeitamente puro.
            Em todo o tempo, mesmo antes de nascer neste mundo ou mesmo antes da criação do mundo, a decisão de Jesus era de conhecer a cumprir totalmente a vontade de Deus.
            É isto que o Apóstolo João relata na abertura de seu evangelho:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens. E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam.

            Outro relato que demonstra claramente a obediência é a tentação no deserto, no início de seu ministério.

Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo Diabo. Depois de jejuar quarenta dias e quarenta noites, teve fome.
O tentador aproximou-se dele e disse: “Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães”.
Jesus respondeu: “Está escrito: ‘Nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus”.
Então o Diabo o levou à cidade santa, colocou-o na parte mais alta do templo e lhe disse:
“Se és o Filho de Deus, joga-te daqui para baixo. Pois está escrito: “Ele dará ordens a seus anjos a seu respeito, e com as mãos eles o segurarão, para que você não tropece em alguma pedra”.
Jesus lhe respondeu: “Também está escrito: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus”.
Depois, o Diabo o levou a um monte muito alto e mostrou-lhe todos os reinos do mundo e o seu esplendor.
E lhe disse: “Tudo isto te darei, se te prostrares e me adorares”.
Jesus lhe disse: “Retire-se, Satanás! Pois está escrito: ‘Adore o Senhor, o seu Deus, e só a ele preste culto”.
Então o Diabo o deixou, e anjos vieram e o serviram.
Mateus 4:1-11

            O Diabo usou as escrituras para tentar ao Senhor Jesus, pois sabia do grande conhecimento demonstrado anos atrás, quando discutia com os doutores da lei.
            Se Jesus tropeçasse em algum dos pontos apresentados pelo Diabo, seria desqualificado para ser o cordeiro sem mancha.
            As respostas de Jesus exigiram não apenas conhecimento das escrituras, mas sim, conhecimento da vontade do Pai. Apenas conhecimento do texto não seria suficiente para dar as respostas corretas e derrotar o Diabo. Foi necessário expor o Espírito de vida que flui através da Palavra de Deus.

Ele nos capacitou para sermos ministros de uma nova aliança, não da letra, mas do Espírito; pois a letra mata, mas o Espírito vivifica.
2Coríntios 3:6

Jesus ensinou o amor amando, ensinou a orar orando e ensinou a obediência obedecendo, por isto Ele pode exclamar com plena autoridade:

Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. 
           

É inútil conhecer a vontade de Deus e não ter a disposição de cumprir com alegria.
Sacrifício e oferta não quiseste; os meus ouvidos abriste; holocausto e expiação pelo pecado não reclamaste. Então disse: Eis aqui venho; no rolo do livro de mim está escrito. Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração.
É melhor obedecer do que sacrificar.
Samuel, porém, respondeu: “Acaso tem o SENHOR tanto prazer em holocaustos e em sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? A obediência é melhor do que o sacrifício, e a submissão é melhor do que a gordura de carneiros.
1Samuel 15:22

Mas o amor leal do Senhor, o seu amor eterno, está com os que o temem, e a sua justiça com os filhos dos seus filhos, com os que guardam a sua aliança e se lembram de obedecer aos seus preceitos.
Salmos 103:17-18

Vamos nos colocar perante Deus, seguindo o exemplo do Senhor Jesus, sendo o Seu braço neste mundo, para interceder por todos os que estão enfrentando dificuldades com relação a obedecer a vontade de Deus.
E vendo que ninguém havia, maravilhou-se de que não houvesse um intercessor; por isso o seu próprio braço lhe trouxe a salvação, e a sua própria justiça o susteve.

Um dois principais requisitos para que se possa aprender a obediência é a renúncia e eis uma frase que caracteriza muito bem isto:

E aquele que não carrega sua cruz e não me segue não pode ser meu discípulo.
Lucas 14:27


A nossa intercessão é esta:

Devolve-me a alegria da tua salvação
e sustenta-me com um espírito pronto a obedecer.
Salmos 51-12




Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor;
Hebreus 12:14


Marcelo Tristão de Souza
Ministério Apostólico Koinonia em Guamaré/RN


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